postado em 02/07/2009 16:32
Um estudo publicado por paleontólogos da Universidade Estadual do Colorado (EUA) revelou que os dinossauros podem não ter sido tão grandes quanto se pensava. Os cientistas norte-americanos chegaram à conclusão de que o modelo estatístico usado para calcular a massa (altura e peso) dos mamíferos (inclusive os dinossauros), ao longo dos últimos 25 anos, era falho. A partir dos novos cálculos, houve casos, a exemplo do apatossauro (Apatosaurus louisae), em que o peso estimado chegou a ser reduzido pela metade. De acordo com a pesquisa, a espécie do animal popularmente conhecido como brontossauro sofreria uma redução de 52% em seu peso ; passando a ter 18 toneladas, em vez das 38 já conhecidas. Especialistas acreditam que os resultados do estudo, publicado no jornal da Sociedade Zoológica de Londres, podem apontar novas direções sobre o modo de vida dos dinossauros.
Em entrevista ao Correio, por e-mail, o pesquisador responsável pelo estudo, Gary Packard, afirma que diante dos poucos indícios sobre a vida dos dinossauros, é normal que os cientistas acabem superestimando alguns dados. Em relação ao peso dos animais pré-históricos, principalmente os quadrúpedes (com quatro patas) e herbívoros (que se alimentam de plantas), não é diferente. Ao longo dos últimos 25 anos, cientistas relacionaram a massa do corpo dos dinossauros de maior tamanho à medida dos ossos da perna (fêmur) e do braço (úmero). Os resultados eram obtidos por meio da técnica ;transformação logarítmica;, muito conhecida em estatística, porém, bem mais sujeita a erros, conforme os paleontólogos.
De acordo com o responsável pelo estudo, os pesquisadores não inventaram um novo método. Eles, na verdade, aproveitaram as medidas já existentes do fêmur e do úmero dos animais, porém aplicadas em uma outra equação matemática ; uma técnica conhecida em estatística como regressão não linear. A partir da aplicação dessas fórmulas, os pesquisadores chegaram a novas conclusões sobre a biologia dos dinossauros. Se realmente pesavam metade do que se imaginava, quer dizer que também necessitavam de uma quantidade menor de alimentos. ;Muitas das ideias sobre esses animais, a respeito do seu metabolismo, passando pelo tipo da alimentação e chegando à área que habitavam, estão todas relacionadas ao peso;, afirma Packard.
Ar nos ossos
Na avaliação do paleontólogo da Universidade de São Paulo (USP) Jonathas Bittencourt, o estudo divulgado pelos cientistas norte-americanos representa um avanço, mesmo que sutil, com relação ao que se conhecia anteriormente. Segundo ele, a nova técnica estatística usada, condiz com a realidade, principalmente ao ser aplicadas em animais de grande porte existentes nos dias de hoje, como o elefante e o hipopótamo. ;É preciso avançar mais, pois o estudo só leva em consideração animais quadrúpedes. Porém, muitos dos dinossauros eram bípedes, como o tiranossauro, o velocirraptor e o estauricossauro;, avalia.
Ainda de acordo com o paleontólogo, diversos estudos em curso identificaram dinossauros com cavidades pneumáticas (com ar) nos ossos. ;Tanto entre os médios e grandes carnívoros bípedes quanto nos gigantescos herbívoros e quadrúpedes;, enfatiza. Essas descobertas, conforme o paleontólogo, também acabam por reduzir o peso do animal ; o que de fato, sugere que as estimativas dos cientistas ao longo dos últimos 25 anos sobre o estudo da massa podem realmente estar supervalorizadas.
Um dos menores herbívoros dos quais se tem conhecimento até hoje, o psitacossauros (Psittacosaurus gobiensis), espécie batizada popularmente de dinossauro-papagaio, também foi tema de um estudo importante, divulgado na última semana. A partir de uma análise mais detalhada da estrutura craniana, uma equipe da Universidade de Chicago (EUA) liderada pelo paleontólogo Paul Sereno chegou à conclusão de que esses animais eram tão habilidosos em comer certos alimentos quanto os periquitos e papagaios existentes hoje. Nozes, castanhas e sementes são exemplos de alimentos presentes nesse variado cardápio.
A capacidade para quebrar alimentos tão duros, de acordo com os especialistas, se dava pelo tipo e formato do bico, que podia ser movimentado na diagonal, a exemplo das aves modernas tão comuns, hoje.