Ciência e Saúde

Taxidermia preserva animais mortos para estudo

A taxidermia preserva animais mortos para estudo e exibição de espécies, ou apenas lembrança

postado em 08/07/2009 08:51 / atualizado em 21/09/2020 12:27

A vontade do homem em perpetuar a existência de alguns animais surgiu há cerca de 2.500 anos antes de Cristo, na época do antigo Egito. A técnica usada para a conservação de restos mortais, conhecida como embalsamamento, já era aplicada em seres humanos. Porém, os egípcios acreditavam que os animais também deveriam ser preservados, para acompanhar os donos quando morriam. Eles acreditavam que os bichos os serviriam na vida além-túmulo. Passados tantos anos, a técnica evoluiu para o que se conhece hoje como taxidermia - ramo da biologia que conserva animais vertebrados mortos por meio da preservação da pele. Em Brasília, a técnica está presente no Museu de Zoologia do Jardim Zoológico. No local, estão presentes 350 peças em exposição. A maioria pertencia ao próprio zoo, enquanto outros foram obtidos a partir de apreensões feitas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) e pela Polícia Ambiental. "Na taxidermia artística reproduzimos o animal como ele vivia na natureza. Para isso recriamos também o habitat natural do bicho. Os movimentos e o comportamento são amplamente estudados", explica Luiz Carlos Mendes, taxidermista do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP). Arte e ciência Estudo científico, exibição ou apenas um hobby. A arte que consiste em deixar o animal o mais parecido possível com o que era em vida desperta a curiosidade daqueles que não a conhecem. Animais domésticos, como cachorros e gatos, também podem ser submetidos à taxidermização, caso seja esse o desejo do dono. De acordo com Luiz Carlos Mendes, a taxidermia vem evoluindo a cada ano. "Antigamente utilizava-se palha, a mesma das caixas de frutas, para preencher o corpo do animal. Mas em São Paulo já usamos um material importado, a resina de poliuretano - utilizada para fabricar a espuma de colchões. A resina é fácil de ser moldada e se assemelha aos corpos dos animais", afirma Mendes. O taxidermista assegura que o material é o que há de mais moderno hoje em dia para se obter um molde perfeito, com maior durabilidade e proteção contra a ação de insetos e traças. No entanto, a técnica usada pelos profissionais do zoológico de Brasília é bem mais barata. "O molde é feito de arame. Já o corpo dos animais é totalmente preenchido com algodão sintético", disse a responsável pelo museu, Grazielle Alarcão. O autônomo paulistano Paulo Pires, 38 anos, tem uma enorme admiração pelos resultados que a taxidermia vem apresentando até hoje. Pescador nos momentos de lazer, Pires conta que decidiu submeter dois tucunarés pescados por ele à técnica, há cerca de dois anos. "Eles são muito bonitos e bem populares na pesca desportiva. Foi a forma que encontrei de manter viva, na memória, a lembrança de um dia de pescaria muito produtivo", destaca. Paulo Pires também acha interessante a taxidermização aplicada em animais domésticos, como cachorros e gatos. "Eles acabam se tornando parte da família. Não vejo mal algum em serem perpetuados", diz. O especialista diz que ter um animal taxidermizado em casa não é barato. Segundo Mendes, o custo da técnica, principalmente aquelas que utilizam materiais importados, pode variar de R$ 250 até R$ 2,5 mil, dependendo do tipo do procedimento a ser usado e do animal. Em Brasília, porém, não há registros de estúdios que prestem esse tipo de serviço. Apesar disso, no zoo da cidade é possível ver animais taxidermizados ao visitar o museu, aberto de terça a domingo. O local possui alguns projetos de educação ambiental direcionados a escolas, instituições carentes e asilos. Por meio deles, é possível que as pessoas aprendam mais sobre a fauna brasileira. "Também temos uma iniciativa destinada a portadores de necessidades especiais, o projeto Toque. O contato com os animais taxidermizados faz com que essas pessoas aprendam mais sobre a importância de sua preservação", garante a chefe do Museu de Zoologia de Brasília. Ouça o podcast da entrevista com Luiz Carlos Mendes, taxidermista do Museu de Zoologia da USP

Saiba mais sobre o museu de taxidermia do Zôo de Brasília no site www.zoo.df.gov.br

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