postado em 11/07/2009 08:30
Uma pontada no pescoço, um incômodo nas costas, uma leve dormência nas pernas. Passar horas seguidas atrás do volante pode resultar em várias dores pelo corpo ; consequências do maior tempo que passamos presos dentro do carro e que se reflete, diretamente, nos músculos e ossos. ;O limite ideal para passarmos dentro de um veículo seria de 50 minutos. Depois disso, o corpo humano começa a pedir por novos movimentos;, aponta o ortopedista do Hospital Daher Marcus Paulo Barbosa.No entanto, há quem passe muito mais tempo enclausurado dentro do automóvel. É o caso de José Rufino, 71 anos, que há 35 roda com seu táxi todos os dias pelas ruas de Brasília. ;É muito tempo sentado e as dores aparecem por todo o corpo;, admite o taxista, que se queixa, com frequência, de incômodos na coluna e nas pernas.
Segundo Barbosa, na maioria das vezes, essas dores são provocadas pela má postura do condutor dentro do veículo. ;O motorista deve estar confortável, por isso precisa fazer todos os ajustes necessários antes de ligar o carro;, lembra o médico, que aconselha, sempre que possível, a realização de alongamentos antes do início da maratona no trânsito. ;Esticar os braços e pernas evita fadigas, que é o acúmulo de ácido láctico na musculatura;, explica. Caso a viagem seja longa, é recomendável fazer pausas a cada uma hora e meia para que a pessoa possa ficar em pé.
O diretor do Instituto de Tratamento da Coluna Vertebral (ITC Vertebral) de Fortaleza, Hélder Montenegro, conta que as dores mais comuns relacionadas ao trânsito são as que atingem a coluna cervical e se irradiam para o pescoço e ombros e as da região lombar. ;Estudos apontam que aproximadamente 80% da população mundial tem ou terá dor na coluna;, relata o médico, que culpa, em parte, os fabricantes de automóveis por produzir modelos poucos ergométricos.
;Os bancos têm, na base, uma pequena curvatura, criada para acompanhar o contorno natural da coluna. Porém, as pessoas muito altas ou baixas sofrem com isso, pois o relevo não fica na posição correta. O ideal seria que essa curvatura fosse regulável, assim como existem ajustes para a altura e para o encosto da poltrona;, diz, acrescentando que as fábricas se baseiam na estatura do motorista norte-americano ou europeu para desenvolver os modelos. Uma saída simples e eficaz, de acordo com Montenegro, seria colocar uma pequena almofada na região lombar para que a coluna possa se acomodar de acordo com o seu movimento natural.
Ele explica que outros cuidados simples, como não se sentar com a carteira de dinheiro no bolso traseiro da calça, podem melhorar a vida de quem dirige. ;A carteira comprime o músculo piriforme (localizado nas nádegas) e atinge o nervo ciático, desencadeando dores das pernas;, afirma.
Estresse
Além da má postura, um fator que provoca incômodos pelo corpo é o estresse. ;Ombros, trapézio e pescoço são os que mais sofrem. Isso porque, além de causar contrações involuntárias nas costas, quando estamos com raiva e tensos, tendemos a cerrar os dentes, contraindo a musculatura da mandíbula, que se relaciona com o osso hioide (situado na parte anterior do pescoço) e que, por sua vez, transmite as tensões para a coluna.
Por isso, a prática de exercícios físicos regulares é fundamental para minimizar os efeitos causados pela rotina da vida moderna. ;Cada vez mais, as cidades sofrem com congestionamentos e o ser humano passa mais tempo sentado, fazendo poucos movimentos. Essa condição sedentária contribui, e muito, para o surgimento das dores;, aponta. Por isso, o ideal é fazer como o taxista Barbosa. ;Caminho todos os dias e me sinto melhor. Quanto ao estresse, o jeito é não esquentar a cabeça, já que ficar bravo não vai fazer o engarrafamento andar mais rápido mesmo.;