Ciência e Saúde

Lua: Museu luta para preservar trajes espaciais para a posteridade

Agência France-Presse
postado em 16/07/2009 17:17
Eles viajaram muito além do que qualquer item fashion na Terra, sobrevivendo a um meio hostil, a altas e baixas temperaturas em um outro mundo. Mas, agora, a idade está castigando os trajes espaciais da Nasa. "Há muita deterioração," admite tristemente Cathy Lewis, curadora do Museu Aéreo e Espacial Nacional Smithsonian, encarregado de cuidar de uma dúzia de trajes espaciais utilizados nas missões Apollo. [SAIBAMAIS]Cathy tem sob sua tutela o traje utilizado por Neil Armstrong quando aterrissou na superfície lunar, em 20 de julho de 1969, e fez história como o primeiro homem a caminhar na Lua. Mas a curadora diz que a passagem do tempo não foi delicada para estes artefatos históricos. "Eles não estão bem por causa da luz e da umidade," diz Cathy. "Eles são feitos de 21 camadas de material sintético. São frágeis," acrescenta a curadora, explicando que uma reação química entre diferentes materiais nos trajes e restos da poeira lunar aceleram o processo de deterioração. Acomodados em caixas de vidro no museu desde os anos 1960, a restauração ou pelo menos a recuperação das partes mais deterioradas destes trajes foi esquecida enquanto os Estados Unidos se preparam para comemorar os 40 anos do pouso na Lua. "A maioria deles está em restauração, mas nós só podemos colocar os trajes à mostra em um ambiente controlado por pouco tempo," diz o curador do museu, Allan Needell. Os trajes, feitos sob medida, são fabricados com um mistura complexa de Teflon, polivinilclorido e latex, com uma tubulação para permitir que os astronautas trabalhem em suas missões no pior dos ambientes. Os trajes de hoje têm peças intercambiadas para que nenhuma parte da pele do astronauta entre em contato com o espaço, enquanto camadas múltiplas ajudam a proteger do frio ou calor extremo. Além disso, os trajes são à prova d'água, resistentes a fogo e feito do mesmo material de coletes à prova de balas. Cathy Lewis diz que os trajes espaciais feitos para os 12 astronautas que foram para a Lua foram "elaborados para condições extremamente ruins, mas para um período de tempo muito pequeno". Ela diz que as luvas e partes de borracha estão estragando e as camadas metálicas estão enferrujando. Os trajes passaram apenas alguns dias na Lua, onde a temperatura oscila entre menos 150 graus Celsius e 120 graus Celsius. Mas eles passaram o resto das últimas quatro décadas nos locais mais úmidos dos Estados Unidos, como Houston, Texas, sede do Centro Espacial Johnson; a Flórida, local do Centro Espacial Kennedy; ou o museu em Washington, conhecido por seus verões muito úmidos. Lewis diz que para preservar esta parte da história o melhor é que todos os trajes - completos com um capacete com visor coberto por uma camada de ouro para proteger contra as luzes ultravioletas- não fiquem à mostra. "Nós não mostramos mais eles como trajes, mas esperamos mostrá-los daqui a cinco anos", assim como as luvas e botas, se os técnicos conseguirem recuperá-los, diz a curadora. Isto depende de dinheiro, acrescenta. A nave que posou na Lua também vai passar por uma transformação. O módulo, com sete metros de altura, é um dos 12 construídos pela Nasa para o programa Apollo, que terminou em 1972. A nave em exposição nunca viajou para o espaço, mas é idêntica a outras que foram deixadas na Lua quando os astronautas voltaram para a Terra. Junto com as pegadas dos astronautas, ainda impressas na superfície lunar, os curadores do museu estão ansiosos para conservar o local original do pouso, especialmente agora, que a Nasa planeja um retorno para 2020. "Este é um verdadeiro artefato" diz Needell sobre o local do pouso, no "Mar da Tranquilidade" lunar. "Esperamos que os próximos não coloquem pegadas em cima das antigas, no Mar da Tranquilidade. Espero que eles deixem como está", diz o curador, preocupado com que as futuras gerações de astronautas tentem remover pedaços da história e vendê-los no site de leilões eBay. "Esta não é propriedade abandonada, pertence à Nasa", enfatiza.

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