Ciência e Saúde

Existem vários tratamentos para a apneia do sono, mas a melhor forma de combatê-la é evitar o excesso de peso

Bruno Costa
postado em 17/07/2009 08:15
Em seus 44 anos de casada, a servidora pública aposentada Aristela Serbeto, 69 anos, teve poucas noites bem dormidas. Não que ela sofresse de alguma doença. O problema estava logo ali ao lado: seu marido Álvaro Neves, 70 anos, que sofria com a apneia obstrutiva do sono. ;Ele roncava e parava de respirar. De repente, começava tudo de novo;, conta Aristela, referindo-se à principal característica do mal que afetava o companheiro. Quem sofre de apneia passa por sucessivas paradas respiratórias enquanto dorme, tendo de acordar superficialmente para que o ar volte a circular. O resultado é um sono fragmentado e de má qualidade, que deixa a pessoa cansada durante o dia.

Clique na imagem para ampliarA parada respiratória ocorre quando os tecidos moles ; céu da boca, úvula (;campainha;), bochecha e língua ; estão relaxados (veja arte). Existem várias técnicas para tratar o distúrbio, como o tratamento ortodôntico, que consiste no uso de aparelhos bucais feitos com silicone para reposicionar a mandíbula para a frente, liberando a passagem do ar. ;É como um par de óculos que usamos só para ler. Esses aparelhos são necessários apenas quando a pessoa vai dormir;, compara o dentista Roberto Ramos. Para o consolo de Aristela, Álvaro começou a usar o objeto há três meses e deixou de sofrer as interrupções da respiração. Hoje, a aposentada dorme tranquila e não se incomoda mais com o ronco do marido, que continua, mas de forma menos intensa. ;Sempre me deu uma agonia enorme vê-lo sufocando sem respirar. Era horrível;, lembra.

Exercícios
Sabendo que os tecidos moles são os responsáveis pela obstrução do ar, a fonoaudióloga e especialista em motricidade orofacial Katia Guimarães criou uma série de exercícios para fortalecer a musculatura da garganta e da língua. Um estudo feito em parceria com o Instituto do Coração de São Paulo (InCor) constatou a eficácia da técnica. No grupo de 16 voluntários que realizaram os exercícios elaborados pela especialista, foi observada uma redução de 40% nos casos de ronco e apneia. ;Eu já aplicava esses exercícios em meus pacientes, mas o estudo serviu para comprovar a eficácia da técnica;, diz a médica, que teve a pesquisa publicada no periódico American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine. Um dos 16 voluntários foi Carlos Romagnolli, 59 anos, que passou a dormir bem melhor, segundo conta: ;Em uma semana, melhorei muito. Estou muito mais disposto;.

Sofrendo do nível mais grave da doença ; determinado pela polissonografia, exame que mede a quantidade de paradas respiratórias por hora ;, Romagnolli era um forte candidato a ser tratado com o CPAP, aparelho que injeta ar pela garganta por uma máscara enquanto a pessoa dorme. Trata-se da técnica mais comum para tratar os casos sérios do mal. ;Com os exercícios, não precisei da máscara;, comemora.

Apesar dessas opções, os especialistas dizem que a melhor forma de evitar o mal é controlando o peso. ;Mais de 70% dos casos de apneia acontecem em obesos;, informa o diretor do Laboratório do Sono do InCor, Geraldo Lorenzi. ;Se a pessoa perde peso, os músculos flácidos somem e a circunferência do pescoço diminui;, explica. O esforço para manter a forma vale a pena, afinal, a apneia pode causar problemas como infarto do miocárdio, derrame cerebral e arritmia cardíaca.

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