Ciência e Saúde

Veja como planejar uma viagem à Nasa

Em Houston, funciona uma unidade da Nasa onde é possível viver como um astronauta. Parque temático com simuladores de voo e exibição de vídeos encanta adultos e crianças

Renato Alves
postado em 21/07/2009 08:31
Houston, no Texas, é uma cidade industrial, sem graça. Nos fins de semana, fica quase deserta. Mas a metrópole norte-americana tem uma atração que vale a pena a estada por um ou dois dias. A 40 quilômetros do centro, é possível sentir-se um astronauta, passear pelo espaço por algumas horas pagando pouco e sem sair da Terra.
O sonho de criança é realizado (em parte) no Johnson Space Center, unidade da Nasa (agência espacial norte-americana) aberta aos turistas desde 1992. Para receber os visitantes, foi construído um centro de 17 mil metros quadrados projetado pela Walt Disney Imagineering. Obra que custou US$ 70 milhões (cerca de R$ 140 milhões). O investimento valeu a pena.

[SAIBAMAIS]O centro espacial é hoje a maior atração de Houston. Uma espécie de Disneylândia das viagens espaciais. As crianças e os adolescentes divertem-se em um parque temático científico com jogos e simuladores de voo. Os adultos emocionam-se na visita ao museu de aventuras estelares humanas.

Projeto Apollo
O passeio inclui visita ao centro de controle dos voos do projeto Apollo, que levou o homem à Lua pela primeira vez, aulas sobre o treinamento dos astronautas e pesquisas espaciais. Tudo isso por no máximo R$ 50, o ingresso inteiro para adulto.

Para se ter uma ideia da importância do lugar, "Houston" foi a primeira palavra dita pelo homem na Lua. O final da frase era ";o Eagle (águia, símbolo dos EUA e nome do módulo lunar) pousou". Isso rendeu a Houston o apelido de space city (cidades espacial).

Outra lembrança da cidade vem do filme Apollo 13 (1995), em que o comandante Jim Lovell, interpretado por Tom Hanks, diz a hoje famosa frase "Houston, we have a problem" ("Houston, nós temos um problema"). Ele informava ao Controle de Missões da Nasa que a nave estava à deriva no espaço.

Essas histórias são contadas e mostradas ; por meio de vídeos e áudios originais ; no tour pelo Johnson Space Center. Os funcionários da unidade da Nasa ainda monitoram todas as viagens espaciais americanas. No centro, também são treinados astronautas e projetados foguetes e naves.

Emoção
O visitante ganha um mapa com os horários das atrações na compra do ingresso do Space Center. O melhor é, de primeira, ignorar as atrações tecnológicas e ir direto ao trenzinho que faz o passeio pelas vias do centro espacial e leva aos prédios funcionais onde estão escondidas coisas extraordinárias.

No caminho, dentro do veículo ; comum em qualquer parque brasileiro ; , ouve-se ao fundo uma musiquinha épica de filme hollywoodiano sobre conquista espacial e o depoimento de ex-astronautas sobre a razão de a humanidade tentar desvendar os mistérios do universo. Soa piegas, mas funciona. Não há quem preste atenção nos relatos sem se emocionar.

Centro de controle
Tem-se a constatação de que ali é mesmo a Nasa e há gente trabalhando para o homem conquistar o espaço quando se ouve o depoimento do diretor de voo aposentado e ex-comandante do Johnson Space Center, Gene Kranz. Entre tantas coisas, ele explica, em uma gravação, que, até hoje, foram treinados ali mais de 300 astronautas.

O trenzinho para pela primeira vez em frente a um dos prédios funcionais quadrados, sem qualquer placa na fachada ou janela. É o lugar onde fica o primeiro e mais famoso centro de controle de missões da Nasa. Para chegar à sala onde foram ouvidas as primeiras palavras do homem na Lua e a clássica frase de Jim Lovell, o visitante precisa subir 87 degraus.

Acomodados em poltronas vermelhas, como as de cinema, os turistas veem, por trás de uma barreira de vidro, o centro de controle. Os equipamentos são os mesmos do começo dos anos 1990, quando deixaram de ser usados por estarem ultrapassados.

A apresentação de vídeos exibidos nas telas do painel de controle, em preto e branco, mostram aos visitantes momentos históricos vividos ali. Entre eles, a contagem regressiva para a partida da Apollo 11 rumo ao espaço e os primeiros passos do homem na Lua. O sistema de áudio reproduz gravações dos diálogos entre os cientistas da Nasa em Houston e os astronautas da Apollo 11.

Do centro de controle, o trenzinho parte para o Hangar X. O prédio abriga naves que, por algum motivo, não passaram nos testes de voo. Ponto obrigatório para fotografias (sim, as fotografias são liberadas dentro dos pontos turísticos da Nasa).

Ônibus espacial
Do depósito de espaçonaves, o visitante segue para as instalações onde são treinados os astronautas. Há uma trilha só para os turistas. Todos têm que caminhar sobre uma plataforma suspensa de aço. Também por trás de barreiras de vidro, estão os instrumentos de testes. Destaque para a versão de um ônibus espacial e parte da Estação Espacial Internacional.

Os protótipos são usados para exercícios dos astronautas, como saídas de emergência e reparos no espaço. Há bandeirinhas brasileiras em alguns pontos do hangar. Elas lembram que o nosso país integra o projeto de construção e manutenção da Estação Espacial Internacional.

O Brasil foi representado por Marcos Pontes, nosso primeiro astronauta. Ele entrou para a Nasa em agosto de1998. Começou o treinamento no Johnson Space Center. Formou-se em 2000. Morou em Houston com a família.

Homenagem
A quarta parada do trenzinho da Nasa fica em um bosque, onde os visitantes contemplam várias árvores. Algumas, enormes. Elas fazem parte de um memorial. Cada uma representa um astronauta morto em acidentes com ônibus espaciais ; o da Challenger, em 1986, e o da Columbia, que em 2003 se desintegrou ao reentrar na atmosfera, matando sete astronautas.
Após as explicações do guia e do momento de reflexão, o trenzinho faz a última parada. É a mais atraente. Ideal para uma fotografia. No Rocket Park, um espaço gramado e aberto, estão foguetes testados no começo dos anos 1960, os primeiros do projeto Apollo. Também há propulsores e peças dessas naves. Todas lançadas de Houston.

Pedras lunares
De volta ao centro de visitantes, após uma hora de passeio de trenzinho, o visitante ; em especial crianças e os adolescentes ; brincam à vontade. Para os adultos, também é difícil se conter. Pode-se usar à vontade simuladores de voos, que dão a real dificuldade de pilotar um ônibus espacial.

Também é possível entrar em uma Apollo e ver um módulo lunar, como o que chegou à Lua, além de entrar na cabine de um ônibus espacial. Ainda, pode-se tocar em pedras lunares. O Johnson Space Center é o maior depósito delas no mundo.

Outro programa no centro é assistir a filmes em um cinema de última geração ; um deles, no estilo 4-D, que promete a mesma sensação experimentada pelos astronautas quando os foguetes são lançados. Cada vídeo dura em média meia hora. Por fim, há o museu de roupas de astronautas e de flâmulas de missões. O visitante pode experimentar alguns capacetes antigos.

; FIQUE DE OLHO
COMPRAS
O centro de visitantes tem duas lojas de souvenirs da Nasa. Elas oferecem de broches a uniformes de astronautas. As camisetas variam de R$ 25 a R$ 80. Os bonés custam em média R$ 30. Há ainda brinquedos, camisetas, miniaturas de espaçonaves, entre outros. Se der fome, tem uma praça de alimentação, com cachorro quente, hambúrgueres hipercalóricos e até comida de astronauta. Tudo para você ficar com a cabeça na Lua.

; COMO CHEGAR
O melhor e mais barato é ficar em um dos vários hotéis ao redor do Johnson Space Center. Em média, um quarto padrão quatro estrelas para duas pessoas custa US$ 80. O traslado de van entre o aeroporto e o hotel, nesse caso, custa US$ 35 (R$ 70). Para quem se hospeda no centro de Houston, há três opções para chegar à Nasa. A mais barata é contratar uma excursão. Por US$ 50 (R$ 100), incluído o ingresso (US$ 17,95, no caso dos adultos), uma van lhe pega e deixa de volta no hotel.
Também pode-se alugar um carro (cerca de US$ 39 a diária) e dirigir até lá. Mas é recomendável levar um mapa. A não ser que esteja com muito dinheiro sobrando, recuse a oferta dos serviços de táxis oferecidos pelos recepcionistas dos hotéis.

Os taxistas cobram, no mínimo, US$ 100 pela ida e volta, com ingresso a parte. E se te sugerirem um passeio pelo enorme shopping de Victoria, cidade vizinha a Houston, te cobram pelo menos mais US$ 20. Não há ônibus público que liga o centro de Houston à Nasa.
Uma maneira de pagar mais barato ; até metade do preço ; para entrar no Space Center é pegar um dos folhetos de roteiros turísticos no hotel, procurar por cupons promocionais, recortá-lo se apresentá-los no caixa do centro de visitantes da Nasa.

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