Ciência e Saúde

Chegada do inverno provoca várias doenças respiratórias e de pele

Especialistas falam sobre como se proteger dos rigores da estação

Paloma Oliveto
postado em 26/07/2009 20:15
Estação do charme, das roupas elegantes e dos jantares regados a vinhos e fondues, o inverno é uma temporada de terror para quem sofre de alergias e problemas respiratórios. Associado ao clima seco de Brasília, o frio desencadeia uma série de doenças, que atingem não só o pulmão, mas a pele e os olhos. Mesmo quem não é predisposto a rinite, asma e irritações tende a adoecer nessa época. Os vírus e bactérias encontram nas baixas temperaturas um ambiente exemplar para se proliferarem, trazendo com eles gripes, resfriados e até pneumonia. Além disso, a falta de umidade resseca a pele e o canal lacrimal, além de irritar as mucosas, o que causa incômodos para os mais sensíveis.

Para aproveitar só o lado bom do inverno, os médicos recomendam a prevenção e cuidados simples. A gripe, por exemplo, pode ser combatida com vacina, assim como a pneumonia. Lavar frequentemente as mãos, evitar aglomerações e ambientes propícios ao surgimento de rinite, bronquite e asma, como locais com muita poeira, cheiro de cigarro e pelos de animais, são outras preocupações importantes.

Clique na imagem para aumentarTambém não adianta esperar a estação chegar para começar a cuidar da saúde. ;Quem tem alergia precisa do tratamento de forma contínua, para não piorar na época do frio;, diz a alergista Maria Teresinha Soares Rocha Malheiros, do Hospital Professor Edmundo Vasconcelos, em São Paulo. Ela lembra que, quando a temperatura começa a baixar, a tendência é correr para o guarda-roupa e retirar quilos de cobertas e roupas pesadas, cheias de ácaro, o principal desencadeador das alergias. De acordo com a médica, é importante tirar de perto tudo o que acumula pó e mofo, fazer a limpeza da casa com aspirador de pó, e não vassoura, que espalha mais ainda a poeira, e passar panos úmidos no chão. O uso do umidificador, comum em Brasília nessa época, é uma ;faca de dois gumes;, segundo a especialista. ;Se ficar ligado a noite toda, pode favorecer o aparecimento de ácaros e fungos;, diz.

Maior órgão do ser humano, a pele também ressente os efeitos do frio e da seca. ;No inverno, é o órgão que fica mais exposto às variações do clima. Junto, vem a secura, que trinca a camada mais superficial da pele;, diz o dermatologista Gilvan Alves, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Dermatologia. A aspereza geralmente causa pruridos. Ao coçar a região, pode-se abrir a pele para infecções. Quem mais sofre nessa época são as pessoas já predispostas à secura do órgão, as portadoras de eczema (ou dermatite) atópico.

A doença é caracterizada por descamações e placas vermelhas na pele e tem causa desconhecida, embora a predisposição familiar não seja descartada pelos médicos. Com o tempo seco e frio, o quadro pode ser tão grave que necessita internação. ;Tenho um paciente que precisa tirar férias em agosto para sair de Brasília, mas nem todos têm essa possibilidade;, diz Gilvan Alves. Além da dermatite atópica, o inverno de baixa umidade também propicia a piora da psoríase e da dermatite seborreica, um tipo de caspa mais intenso. São doenças sem cura, mas que podem ser tratadas. ;É preciso beber muita água, tomar poucos banhos, frios e sem bucha, e aplicar hidratante depois de cinco minutos;, ensina o médico. Em alguns casos, há necessidade de usar cremes com corticoides, medicamentos orais e xampus especiais.

Olhos
Outro problema comum no frio e na seca é a síndrome do olho seco. ;Mesmo quem não tem alterações lacrimais, nessa época pode apresentar os sintomas;, diz a oftalmologista Maria Lúcia Rios, do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB). A síndrome, segundo a médica, é a patologia que mais leva pacientes ao consultório e caracteriza-se por irritação, ardência, vermelhidão, visão embaçada, coceira, sensação de areia nos olhos e lacrimejamento excessivo. Os sintomas tendem a piorar para quem trabalha em frente ao computador, o que diminui a quantidade de piscadas, e sob efeito de ar-condicionado.

Quem apresenta quadros mais severos precisa tratar a vida toda, pois podem ocorrer lesões na córnea. Nesses casos, há tratamento cirúrgico, além de colírios corticoides receitados por médicos. Quem tem blefarite, um tipo de inflamação na pálpebra, também precisa de acompanhamento constante, principalmente no inverno e na seca. Maria Lúcia Rios recomenda, porém, procurar um médico mesmo quando a síndrome do olho seco é passageira e mais branda. Isso porque, na ânsia por se ver livres dos sintomas, as pessoas costumam se automedicar. ;A maioria dos balconistas das farmácias, por falta de informação, receita lágrimas artificiais com corticoides, que com o tempo podem causar até mesmo glaucoma;, diz. Até o colírio comum é perigoso, se usado em excesso. ;Pode haver conjuntivite tóxica, uma reação alérgica;, diz a médica.

O mesmo conselho vale para quem sofre de problemas respiratórios: melhor procurar um médico a correr o risco de piorar. A alergista Maria Teresinha Soares Rocha Malheiros alerta que o uso dos vasoconstritores tópicos, também chamados descongestionantes nasais, podem piorar os quadros e levar ao aparecimento de rinites alérgicas. Para diminuir a incômoda sensação de nariz entupido, ela sugere a limpeza com soro fisiológico. Embora não faça o efeito dos descongestionantes, o soro hidrata a mucosa e não faz mal à saúde.

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