Agência France-Presse
postado em 10/08/2009 10:56
PARIS - Os medicamentos contra a gripe como o Tamiflu não deveriam ser prescritos para crianças, pois as contra-indicações são maiores do que os benefícios, afirmam médicos britânicos em um estudo publicado nesta segunda-feira (10/8) no British Medical Journal (BMJ).
Os pesquisadores pediram neste estudo que a agência sanitária da Grã-Bretanha reconsidere de forma urgente sua atual política de medicação em função da epidemia de gripe suína (vírus A/H1N1).
O médico Carl Henegan, clínico geral e especialista do Hospital John Radcliffe de Oxford, um dos autores do estudo, considera que a atual política de prescrever Tamiflu para uma doença relativamente benigna é uma "estratégia inadequada".
Os efeitos nefastos de uma prescrição sistemática, como a praticada neste momento na Inglaterra, são superiores aos benefícios como a redução dos sintomas em um dia e meio, afirma Henegan. O Tamiflu pode ser obtido sem receita médica na Inglaterra.
O estudo, que se baseia numa análise dos dados disponibilizados ao fim de testes comparativos de inibidores da neuraminidasa (enzima presente no vírus da gripe) nas crianças, enfatiza que o Tamiflu pode causar vômitos em algumas crianças e que pode provocar desidratação e outras complicações.
Esta pesquisa é divulgada mais de uma semana depois que outros especialistas enfatizaram que as crianças que de forma preventiva receberam o Tamiflu tiveram efeitos colaterais como náuseas e pesadelos.
A Agência Sanitária britânica, a Health Protection Agency (HPA), indicou que mais da metade dos 248 menores que tomaram Tamiflu, depois que seus colegas contraíram gripe suína, tiveram efeitos secundários como náuseas, insônia e pesadelos.