Ciência e Saúde

Fotografias ajudarão em ações de preservação do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha

Parceria do ICMBio com casal de aviadores resulta no primeiro banco de imagens aéreas do local

postado em 15/08/2009 08:00
O Pontal das Caracas e o Morro Dois Irmãos são alguns dos locais fotografados para o banco de imagensBaías de Sueste, dos Golfinhos e dos Porcos. Praias do Sancho e do Leão. Esses são alguns dos locais que encantam aqueles que visitam Fernando de Noronha (PE), considerado um verdadeiro tesouro natural. No entanto, mesmo aqueles que já tiveram o privilégio de conhecer o arquipélago devem se surpreender com a beleza dessas maravilhas quando vistas do alto. Justamente o que permitem as fotografias que compõem o primeiro banco de imagens aéreas da reserva, resultado de uma parceria inédita entre o Parque Nacional Marinho de Noronha e os aviadores Gérard e Margi Moss. Acompanhado das fotógrafas Marta Granville e Zaira Affine, o casal sobrevoou Noronha no mês passado. O passeio, feito em ;céu de brigadeiro;, durou uma hora e possibilitou a produção de dezenas de fotos nos mais diversos ângulos, alguns deles quase nunca vistos antes.

Embora criada há exatos 20 anos, por meio de decreto presidencial, a unidade de conservação de Noronha nunca havia feito um banco de imagens do tipo, mostrado com exclusividade pelo Correio. De acordo com a chefe do parque, administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Fabiana Bicudo, as fotos são de grande importância para a gestão, monitoramento e proteção da área, principalmente para a identificação de ecossistemas frágeis. ;São áreas próximas a zonas agrícolas, de pecuária ou que estão com algum tipo de supressão. Elas podem vir a demandar alguma ação da unidade;, explica.

As fotos aéreas, feitas a uma altitude que variou de 1 mil a 2 mil pés, também farão parte de projetos de divulgação da unidade, que hoje representa quase 70% da área do arquipélago. Uma dessas ações será uma exposição permanente que poderá ser vista pelos turistas ; são 60 mil por ano ;, a ser inaugurada nos próximos meses. Além das belezas e atrativos, o objetivo é mostrar para os visitantes como preservar o local, chamado também de a Esmeralda do Atlântico.

Fabiana diz ainda que, em algumas fotos, principalmente as panorâmicas, é possível identificar lugares que não estão abertos ao público ou que são de difícil acesso. ;Uma das fotografias mostra a Ponta da Sapata, por exemplo, onde aparecem os paredões rochosos. Poucas pessoas tiveram essa visão, que é nova até mesmo para nós do ICMBio, que moramos na ilha;, conta.

[SAIBAMAIS]O convite feito ao casal Moss surgiu depois que a chefe do parque soube de uma palestra que seria ministrada por Gérard em Fernando de Noronha, a respeito de projetos ambientais dos quais participa, como o Programa Brasileiro de Conservação das Tartarugas Marinhas (Tamar), executado pelo ICMBio e patrocinado pela Petrobras. Ao tomar conhecimento da intenção dos membros da unidade, o casal aceitou a proposta de imediato e até doou o combustível necessário para o passeio, feito a bordo do monomotor prefixo PT-RXE, conhecido como Sertanejo. ;Já havíamos sobrevoado a área havia algum tempo. Porém, foi muito bom voltar e ver como o arquipélago está bem conservado;, diz o aviador, que nasceu na Inglaterra e costuma visitar o Brasil desde os anos 1980.

Mapa
Gérard e Margi Moss ainda aproveitaram a passagem pela ilha para divulgar do projeto Brasil das Águas, também patrocinado pela Petrobras. As viagens pelo país tiveram início em 2003 e término no ano seguinte, o que possibilitou, numa primeira fase, coletar 1.160 amostras de água doce de rios e lagos com o auxílio de um avião anfíbio.

O resultado desse trabalho deu origem a um mapa da água doce no Brasil, que contou com a participação de vários pesquisadores. Atualmente, o programa se encontra na terceira etapa, batizada de Rios Voadores. ;O objetivo é coletar amostras do vapor d;água que é transportado pelas massas de ar. Com a ajuda de especialistas, poderemos entender as possíveis consequências de desmatamentos, queimadas e mudanças climáticas na Amazônia sobre o balanço hídrico do país;, explica a queniana Margi, lembrando o quanto é importante preservar os recursos hídricos para o bem-estar das gerações futuras.

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