postado em 18/08/2009 08:22
Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) revelam que os linfomas, tumores cancerígenos que atingem o sistema linfático, atingem pelo menos 12 mil brasileiros a cada ano. No mundo, cerca de 1,5 milhão de pessoas sofrem com o problema. Embora tenha se tornado mais presente na mídia nacional depois de acometer a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, e a autora de novelas Glória Perez, o mal é pouco conhecido pela população no Brasil. Pesquisa encomendada por um grupo farmacêutico aponta que 66% dos brasileiros nunca ouviram falar sobre a doença, o quinto tipo de câncer mais comum no planeta. Os tumores podem aparecer em indivíduos jovens ou idosos. Dependendo da classificação e do estágio da doença, apresentam até 95% de chances de cura. No entanto, também podem ser fatais, por não terem tratamento em alguns casos.
O sistema linfático é formado por gânglios ou linfonodos, que produzem as células que protegem o organismo (linfócitos). O linfoma é resultado de uma proliferação desordenada desses linfócitos e o tumor pode ocorrer no abdômen, virilha, pélvis, axilas, pescoço ou em outras partes. O hematologista Bruno Dias explica que existem dois tipos: o de Hodgkin, também conhecido como doença de Hodgkin, e o de não Hodgkin - caso de Dilma e Glória.
A apresentação clínica é praticamente a mesma. "Nos dois tipos, os gânglios linfáticos, popularmente conhecidos como ínguas, crescem de forma indolor. A diferença é que, no linfoma de Hodgkin, há a presença de uma célula linfoide chamada Reed-Sternberge, e os tumores podem ser limitados - quando atingem uma ou duas áreas próximas - ou avançados - em mais de duas áreas. As chances de cura superam os 60%%u201D, explica o médico.
Os principais sintomas dos linfomas são aumento dos gânglios, sudorese noturna excessiva, febre, coceira na pele e perda de peso sem aparente motivo. A chefe da hematologia do Inca, Jane Dobbin, lembra que não existem estudos epidemiológicos que demonstrem com precisão a incidência na população brasileira. Os dados do Inca revelam, porém, que a doença de Hodgkin é mais comum em pessoas jovens, entre a faixa de 15 a 40 anos. O linfoma de não Hodgkin atinge com mais frequência os idosos acima de 60.
Susto
A professora Melisse Wiggers Lago descobriu que tinha a doença de Hodgkin aos 27 anos. Recém chegada a Brasília, a catarinense notou um caroço no pescoço e procurou um médico imediatamente. "Fiquei muito nervosa, pois nunca havia ouvido falar em linfoma. Os médicos constataram dois gânglios, mas me tranquilizaram dizendo que eu tinha grandes possibilidades de cura", conta.
Melisse enfrentou sete meses de tratamento e há um ano e meio faz exames trimestrais detalhados para verificar como anda a remissão dos linfomas. "Fui submetida a sessões de quimio e radioterapia. Não fiquei careca, mas o cabelo caiu um pouco. Contei com a ajuda de um psicólogo e a força da minha família para superar o trauma. A medicina evolui a cada dia e as chances de cura são muito maiores do que há 10 anos. Hoje, me sinto muito bem e já faço planos para ter um bebê", comemora.
Para o hematologista e oncologista Daniel Tabak, o grande desafio da medicina é tornar o tratamento menos tóxico. Além da quimioterapia e da radioterapia, os linfomas podem ser curados também com transplante de medula.