Ciência e Saúde

Hemorroidas atingem até 50% da população adulta brasileira

Paloma Oliveto
postado em 21/08/2009 12:04
Durante duas décadas, o empresário sergipano Miguel*, 45 anos, sofreu os incômodos de um mal que atinge até 50% da população brasileira adulta: as crises hemorroidais. Ele tinha sangramentos frequentes e, com a evolução da doença, chegou a ter veias externas e fissura anal. "Tentei de tudo. Pomadas, banhos de assento e mudança na alimentação, mas minha vida estava virando um verdadeiro inferno. Minha barriga ficava inchada e, para evacuar, era muito doloroso", conta. Há dois meses, resolveu enfrentar a cirurgia. "O pós-operatório é bastante incômodo e ainda hoje sinto dores quando vou ao banheiro, mas foi a melhor opção. Já retomei minhas atividades e acho que, até o fim do ano, estarei completamente curado", acredita.

Segundo o proctologista Desidério Roberto Kiss, do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, em São Paulo, a medicina ainda não sabe as causas das crises, mas há fatores que estão ligados à doença. "Existem fatores familiares e outros, como prisão de ventre e gravidez. Entre 40% e 50% das pessoas com mais de 40 anos que fizerem o exame de rotina vão descobrir que apresentam hemorroidas, mesmo sem ter os sintomas", diz. O médico alerta para a importância de procurar um tratamento adequado, pois as hemorroidas internas, que surgem abaixo da mucosa que reveste o canal anal e o reto, têm quatro graus de gravidade e, se não tratadas, podem chegar ao nível mais alto da escala.

De acordo com Desidério, um problema grave é a automedicação. "O povo se automedica, partindo da presunção de que tudo que coça, dói e sangra é hemorroida. Mas o diagnóstico pode ser câncer de reto", alerta. A dúvida atormenta o estudante João, 23 anos, que recorreu a um fórum de discussão sobre saúde, na internet, para tentar esclarecê-la. Ele conta que, há dois anos, apareceram gânglios no ânus, que doíam pouco mas que, com o passar do tempo, começaram a "piorar drasticamente, sem razão aparente, a ponto de não conseguir ir ao banheiro". A preocupação de João se deve ao fato de que a mãe morreu vítima de um câncer que começou no cólon e se espalhou para o aparelho digestivo, duodeno e pâncreas. O jovem, porém, recusa-se a ir ao médico. "Tenho vergonha mesmo, e medo de fazer o exame", diz.

* Nomes fictícios a pedido dos entrevistados

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