O resultado do estudo foi o desenvolvimento de um inseticida biológico que age especificamente na lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis), na traça das crucíferas ; agrião, couve, repolho, nabo, rabanete ; (Plutella xylostella), e na lagarta do cartucho do milho (Spodoptera frugiperda). O produto ; que já está em fase de registro e aguarda a autorização dos órgãos competentes para ser comercializado ; recebeu o nome de Ponto Final e é feito a partir da bactéria Bacillus thringiensis, amplamente utilizada em programas de controle biológico de pragas em todo o mundo.
;Essa bactéria ataca exclusivamente o organismo das lagartas, portanto é inofensiva à saúde humana e ao meio ambiente;, explica a pesquisadora da Embrapa e responsável pelo estudo, Rose Monnerat. Com essas características, o inseticida também pode ser utilizado na agricultura orgânica, sem danos para quem consome e para quem produz.
Outro ponto importante é a questão da preservação do meio ambiente. Como o Ponto Final é capaz de matar lagartas específicas, ele preenche uma lacuna na busca pela manutenção da biodiversidade do local, preservando joaninhas e tesourinhas, que também são eficientes como predadoras de lagartas e pulgões. ;Não há problema quando outros insetos ingerem a bactéria da qual é feito o inseticida, pois ela só faz mal às lagartas-alvo;, explica Rose.
Prejuízo
Segundo a pesquisadora, os agricultores têm diversos prejuízos nas plantações por conta da utilização de produtos químicos contra essas lagartas. Por serem resistentes a eles, essas pragas dificilmente são extintas e acarretam na perda de plantações inteiras. ;Há casos em que o produtor chega a perder 80% da plantação por conta das lagartas. Em outros, toda a plantação de crucíferas é perdida;, conta.
Além do prejuízo, o agricultor também tem de lidar com a contaminação dos produtos químicos em seu organismo. ;Como a maioria não utiliza proteção adequada na hora de administrar esses produtos, o organismo acaba intoxicado provocando problemas de saúde;, diz Rose.