Ciência e Saúde

Pesquisadores conseguem fazer ratos paraplégicos voltarem a andar

postado em 20/09/2009 18:04
Paris (França) - Ratos paraplégicos conseguiram voltar a andar ; e correr ; depois de terem sido submetidos a estímulos elétricos combinados a um treinamento intenso e medicamentos, segundo um estudo publicado na internet neste domingo pela revista Nature Neuroscience.

O experimento relata que ratos que ficaram paraplégicos depois de terem fibras nervosas cortadas conseguiram voltar a caminhar, sem que as fibras afetadas tenham sido restauradas ou que os circuitos nervosos que conectam a médula espinhal ao cérebro tenham sido restabelecidos.

A experiência pode trazer benefícios para pessoas que sofreram lesões na medula, apontam os pesquisadores. ;A medula espinhal contém circuitos nervosos que podem gerar uma atividade rítmica sem ;input; do cérebro, ou seja, sem a influência ou informações deste órgão, para ativar os músculos das patas traseiras de maneira tal que pareça o caminhar;, explicou Reggie Edgerton, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, co-autor do estudo.

Os pesquisadores cortaram a medula espinhal de ratos adultos e aplicaram impulsos elétricos epidurais (entre as vértebras e a membrana externa do sistema nervoso) por baixo do corte, na altura das vértebras lombares. Além disso, ministraram aos roedores moléculas com efeitos semelhantes à serotonina, substância que atua o nível neurológico (neurotransmissor).

O movimento das esteiras sobre as quais foram colocados, os impulsos e as moléculas absorvidas ativaram diretamente uma rede de neurônios e fizeram com que os ratos voltassem a se mover como se estivessem caminhando.

Após várias semanas de treinamento sobre a esteira, os ratos recuperaram a capacidade de caminhar suportando seu próprio peso, andando para frente, para trás, para os lados e até em ritmo veloz. No entanto, foram incapazes de caminhar por iniciativa própria.

Isto significa que a medula espinhal é "quase capaz de processos cognitivos", indicou por sua vez Grégoire Courtine, da Universidade de Zurique (Suíça), co-autor do estudo.

A medula "pode compreender que o ambiente exterior muda, e então interpretar esta informação para modificar a maneira de ativar os músculos", disse Courtine.

Agora, os pesquisadores estão trabalhando para desenvolver um tratamento para o homem baseado nesta experiência, que poderá ficar pronto dentro de quatro anos, acrescentou Courtine.

O tratamento, com ou sem medicamentos, poderá ser utilizado em vítimas de lesões graves da medula, que em cerca da metade dos casos são consequência de acidentes de trânsito e afetam principalmente jovens entre 16 e 30 anos de idade.

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