Agência France-Presse
postado em 29/10/2009 12:30
LONDRES - O álcool e o tabaco são muito mais perigosos que o ecstasy, a canabis ou o LSD, afirmou o principal assessor do governo britânico para questões de drogas, em um polêmico relatório divulgado nesta quinta-feira (29/10).
O professor David Nutt, que também preside o Conselho Consultivo sobre o Abuso de Drogas, afirma que fumar maconha cria apenas um "risco relativamente pequeno" de causar uma enfermidade psicótica, comparado, por exemplo, com o risco de fumantes padecerem de câncer de pulmão.
Seu estudo, elaborado para o Centro de Estudos de Criminologia e Justiça do King's College de Londres, propõe que todas as drogas, legais e ilegais, deveriam ser hierarquizadas de acordo com um índice de danos causados.
Em sua classificação, o álcool seria a quinta substância mais maléfica para o organismo, depois da heroína, da cocaína, dos barbitúricos e da metadona. O tabaco ocuparia o nono lugar, à frente da canabis (11º), do LSD (14º) e do ecstasy (18º). "Ninguém está sugerindo que as drogas não fazem mal. É uma questão de escala e grau", explicou Nutt, catedrático de neuropsicofarmacologia do Imperial College de Londres. "Precisamos de um debate maduro sobre o que buscam as leis sobre drogas, e se estão cumprindo sua função", acrescentou.
O professor criticou a decisão do governo britânico de elevar novamente a maconha para a categoria de "droga branda" (categoria B) - segunda depois da "droga pesada" (categoria A) -, depois de tê-la rebaixado para a categoria C (tranquilizante).
O sistema britânico de três categorias, no entanto, serve essencialmente para indicar as penas determinadas para usuários e traficantes cada tipo de droga.
"Acho que temos que aceitar que as pessoas jovens gostam de experimentar - com drogas e outras atividades potencialmente danosas - e que o que deveríamos fazer com tudo isto é protegê-los do dano nesta etapa de suas vidas", ressaltou Nutt. "Temos que fornecer informação mais exata e crível. Se eles acham que assustar os jovens vai fazer com que não consumam drogas estão provavelmente equivocados", sugeriu.