postado em 12/11/2009 08:15
Caminhadas, corridas, natação, tênis, musculação, pilates, yoga ou hidroginástica: não importa qual atividade física a mulher escolha, todas valem a pena. E mais: um recente estudo mostrou que os exercícios podem ter um impacto mais positivo nas mulheres do que nos homens. Eles têm, por exemplo, a capacidade de diminuir mais o nível de LDL, o chamado colesterol ;ruim;, entre elas ; em relação ao resultado obtido pelos homens. Se os resultados são melhores, por outro lado, dar o primeiro passo ou mesmo continuar no caminho para uma vida saudável é mais difícil para elas. O segredo, de acordo com os cientistas, é esquecer quantas calorias se vai perder e pensar mais na saúde e no bem-estar que o esforço físico pode trazer.Durante nove anos, uma equipe da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, fez um estudo com 9 mil voluntários, completamente sedentários e de meia idade, de 45 a 64 anos. O resultado foi surpreendente. As mulheres conseguiram abaixar consideravelmente os níveis de colesterol LDL, e melhoraram o quadro geral da saúde. Para os homens, contudo, a atividade física não fez diferença nos exames periódicos. ;O nosso objetivo não era entender a questão biológica, mas acreditamos que as mulheres tiveram um resultado melhor do que os homens por causa de uma questão hormonal;, disse ao Correio Keri Monda, uma das coordenadoras do programa de pós-graduação do Departamento de Epidemiologia da universidade.
Para cada 60 minutos de exercício moderado e cada 30 minutos de atividade intensiva por semana, o resultado foi uma redução de 3,97mg/dL em mulheres brancas, e 10,55mg/dL em mulheres negras. Segundo a cientista, exemplos de exercício moderados são caminhadas leves, musculação ou boliche, e de exercício intensivo são basquete, caminhadas em trilhas ou dança moderna. A perda do colesterol foi ainda maior para mulheres que já tinham passado pela menopausa: 5,91mg/dL L em mulheres brancas e 14,68 mg/dL em mulheres negras.
Dificuldades
A lição é antiga: atividade física faz bem para a saúde física e mental. Segundo Michelle Segar, pesquisadora do Instituto de Pesquisa de Mulheres e Gênero da Universidade de Michigan e fundadora do site Essential Steps, para mulheres, contudo, é mais difícil começar e fazer exercícios físicos durante toda a vida do que para os homens. E os dois principais motivos femininos para não se exercitarem é ;falta de tempo; e ;falta de motivação;. ;São motivos verdadeiros e não desculpas, mas eles podem estar escondendo um problema;, explica a psicóloga.
As mulheres têm dificuldade de priorizar o seu próprio bem-estar, porque elas têm a cultura e sofrem a pressão de cuidar sempre dos outros primeiro. ;É difícil ter tempo para fazer exercícios se você não se sente confortável em arrumar tempo para se cuidar. A falta de motivação é por causa do jeito que as mulheres enxergam a atividade física ; como apenas uma forma de perder peso, e não para se sentir bem;, esclarece Michelle.
Para começar, é preciso mudar de atitude e pensamento. Se a motivação para caminhar, correr, nadar ou ir para uma academia for apenas perder peso, as chances de desistir são maiores. Segundo a psicóloga, as mulheres estão culturalmente acostumadas a pensar apenas nos aspectos negativos do exercício. O estigma de que é preciso sofrer para ter algum resultado, ou de que a malhação só funciona depois de muita dor, não ajuda ninguém a gostar do exercício físico.
Sandra Starling, 65 anos, foi sedentária até chegar aos 50. Com a maturidade, também veio a vontade de se movimentar e se cuidar. A deputada federal aposentada começou com caminhadas e ficou viciada em exercícios, até ter um problema na coluna por causa do esforço. ;Foi quando eu caí na real, e vi que tinha que saber até onde eu poderia ir;, conta. Depois de passar também por um enfisema pulmonar e sofrer com a pressão alta, ela encontrou o equilíbrio. Faz musculação e atividades aeróbicas, inclusive caminhadas de costas, que, segundo ela, ;fazem bem para o cérebro;. Tudo com a ajuda de um personal trainer. ;Na minha idade, o prazer mental de fazer exercícios é muito maior do que o meu prazer físico;, revela Sandra.
Prazer
A primeira dica para mudar é esquecer o sofrimento e procurar uma atividade física prazerosa. ;Relembre aquela atividade que você gostava de fazer quando era criança. Também tente não exagerar na dose e fazer com que o exercício se torne um fardo. Ele tem que fazer parte da sua vida, sem estresse;, aconselha Michelle.
Para Ludmila Faria Guedes Coelho, 29 anos, essa é uma realidade. A funcionária pública aprendeu a gostar de praticar esportes na infância, e hoje tenta equilibrar a vida atribulada com o exercício físico. ;Quando eu posso, vou nadar no clube na hora do almoço. À noite, faço pilates, capoeira ou spinnig. Tento variar, para não virar rotina e enjoar;, conta.
A família também teve um papel importante na hora de encarar a atividade física como uma oportunidade de bem-estar, e não obrigação. ;Meu pai sempre me estimulou a praticar esporte. E até hoje a família costuma caminhar junta domingo de manhã. É um momento para a gente ficar junto também;, observa Ludmila. A flexibilidade de fazer o que mais gosta também é importante. Ela não se sente culpada se não consegue ir à academia, e é justamente quando está cansada ou estressada que a funcionária pública acredita que seja a hora de colocar o tênis para ir à luta.
Para as mulheres com mais de 30 anos, a atividade física é essencial, segundo a pesquisadora norte-americana. Quanto antes a mulher mudar de atitude em relação ao exercício, melhor, mas nunca é tarde para começar. ;Depois dos 25 anos, é importante levar seu corpo a sério, porque, caso contrário, a perda de funcionabilidade e fraturas são possibilidades reais no futuro;, indica Michelle.
Mônica Gusmão Barcellos, 52 anos, só abriu os olhos para o exercício quando precisou. Depois de levar um tombo em casa, fraturar o tornozelo e ficar dois meses sem andar, ela se viu obrigada a cuidar mais do corpo. Depois da fisioterapia, era necessário recuperar a massa muscular. As recomendações médicas a levaram para os aparelhos de musculação. ;Eu era sedentária, então, no início, parecia que eu estava em outro planeta: não me reconhecia lá no meio dos aparelhos, e todas aquelas pessoas muito focadas no exercício;, conta.
Desde então, muito mudou. Agora, a empresária chega a ir duas vezes por dia à academia. Faz um pouco da série de manhã e volta à noite para finalizar. Só descansa nos fins de semana. ;Eu nunca gostei de exercício, mas agora deixou de ser um sacrifício. Acho que, pelo resultado que tive, em apenas seis meses, teve um efeito fantástico na minha saúde;, confessa.
; Para ir à luta
Veja as dicas da psicóloga americana Michelle Segar para mudar de atitude e começar a se movimentar para ter mais saúde e bem-estar:
# Tome uma decisão consciente: você quer começar a ter os benefícios que a atividade física traz, como melhora do humor, redução do estresse, mais energia e qualidade do sono
# Analise o que você quer de uma atividade física e tome uma atitude: quer se livrar do estresse? Faça atividades ao ar livre. Quer melhorar sua vida social? Matricule-se na academia ou chame algum amigo ou membro da sua família para caminhar
# Planeje o seu dia. O exercício tem que fazer parte dele. Permita-se deixar um compromisso de lado para ir à academia
# Avalie se a atividade física que você escolheu lhe proporciona a experiência que você queria ter. Se não foi positivo, tente um novo tipo de atividade física, um professor diferente, uma outra hora do dia, mas não desista
# Sua saúde e seu bem-estar devem ser sua prioridade. Lembre-se de que, por você, vale a pena gastar seu tempo
; Para praticar
Escolha uma atividade física e faça meia hora de exercícios intensos ou uma hora de exercícios moderados para fazer diferença na sua saúde:
Exercícios moderados
Caminhada, musculação, dança de salão e hidroginástica
Exercícios intensos
Corrida, judô, natação e ciclismo