Ciência e Saúde

Estudo do WWF prova que é possível preservar trechos importantes da Amazônia

Contatações foram feitas com base em projeto no Amapá

postado em 05/12/2009 07:05
Belo Horizonte - O aquecimento global pode ter efeitos devastadores sobre a flora e a fauna dos principais ecossistemas em todo o mundo. A biodiversidade da Amazônia é considerada estratégica por ser a potencialmente mais rica do planeta e ainda pouco conhecida. Esse patrimônio ecológico desperta atenção - e cobiça - de todo o mundo e preocupa o governo brasileiro. De um lado, cientistas e estudos fazem previsões catastróficas para o futuro desse ecossistema, mas iniciativas têm demonstrado que é possível reverter essas expectativas pessimistas e promover o desenvolvimento sustentável, aliando progresso e preservação. É o caso do Corredor de Biodiversidade do Amapá, que completou seis anos de existência, demonstrando que o entendimento entre os três níveis de governo (federal, estadual e municipal), com a ajuda da sociedade civil, é essencial para reduzir os efeitos nefastos da elevação da temperatura sobre a Terra. O corredor integra 12 unidades de conservação e cinco terras indígenas no Amapá, um dos nove estados que compõem a Amazônia Legal. Engloba mais de 10 milhões de hectares, ou quase 72% do estado e os seus biomas - florestas de terra firme, florestas sazonalmente inundadas de várzea e igapó, complexos de lagos, cerrados e vegetações associadas a afloramentos rochosos. O corredor inclui ainda os últimos grandes trechos protegidos de manguezais das Américas, um dos ecossistemas mais destruídos e pouco conhecidos no Brasil. Ao conciliar a conservação da natureza com o desenvolvimento social e econômico, o corredor contribui para garantir a sobrevivência de populações de espécies que se encontram ameaçadas em outras regiões da Amazônia brasileira e em países vizinhos. O objetivo é proteger espécies de primatas, como os macacos-cuxiú, aranha e parauacu, bem como espécies de rara beleza, como o beija-flor-brilho-de-fogo, o tucano-açu e as araras. Diversas espécies de aves já foram registradas no estado e esse número tende a aumentar a partir dos resultados de novas expedições científicas. A criação do corredor de biodiversidade permite a implementação de unidades de conservação. "É uma gestão participativa do corredor", afirma Patrícia Baião, diretora do Programa Amazônia da ONG Conservação Internacional, que participa do corredor. A sociedade participa da elaboração dos planos de manejo de cada uma dessas unidades, que é uma espécie de plano diretor que regulamenta um uso sustentável da região. A instância de participação são os conselhos consultivos. Aquecimento Ás vésperas da 15ª Conferência das Partes (COP-15) (1), que se inicia na segunda-feira, em Copenhague (Dinamarca), a atenção se volta para a Floresta Amazônica por ser um dos principais ecossistemas terrestres, onde está grande parte das plantas, animais e micro-organismos, e também pelo fato de o desmatamento ter participação determinante na emissão de gases de efeito estufa. Os impactos do aquecimento do clima sobre a floresta poderão ser devastadores, de acordo com o estudo Pontos de colapso no sistema climático terrestre e suas consequências para o setor de seguros, encomendado pela Allianz SE, em parceria com o WWF e o Tyndall Centre. Caso a elevação da temperatura média do planeta seja de 1ºC em relação aos níveis pré-industriais, a floresta pode perder cerca de 1,6 milhão de quilômetros quadrados de sua cobertura até 2100. A Amazônia Legal compreende uma área de 5,7 milhões de quilômetros quadrados. O estudo demonstra impactos no Ártico, na Groelândia, nos sistemas de chuvas do Oeste africano, no Sudeste asiático e no Sudoeste norte-americano. "Com todos os esforços para redução na emissão nos gases de efeito estufa, nunca atingiremos os níveis pré-industriais", pondera a engenheira agrônoma Karen Suassuna, da equipe de Mudanças Climáticas da WWF-Brasil. Juntamente aos efeitos climáticos, como a mudança no regime de chuvas em todo o Brasil, o aquecimento global afeta a biodiversidade. O prazo de 100 anos é extremamente pequeno para as adaptações de um ecossistema. "As espécies de árvores passeiam nos continentes ao longo dos séculos. Para se ter uma ideia, o pinheiro é originário da América do Norte e levou centenas de anos para chegar ao Paraná, conforme o clima esquentava e esfriava", exemplifica. Nos últimos 200 anos, o planeta passa pela maior crise de extinção de espécies. "A preservação dos corredores de biodiversidade é essencial para a fauna circular e contribui para aumentar a variabilidade genética das espécies", afirma Gustavo Salles Nappo, gestor ambiental e consultor em sustentabilidade e planejamento. Para ele, com as ações para reduzir a emissão dos gases de efeito estufa, é essencial implementar medidas para sequestrar os gases em excesso na atmosfera. Geleira flutua na Groenlândia: aquecimento do Ártico pode ser de 15ºC 1 - Escultura de gelo Uma escultura em gelo de um urso polar será inaugurada hoje em Copenhague. Seu derretimento será o símbolo do aquecimento global durante a realização da conferência da ONU sobre o clima. O escultor Mark Coreth começou ontem a trabalhar num bloco de gelo de 11t, que tem em seu interior uma armadura em bronze na forma do esqueleto do animal, em tamanho natural. %u201CUm esqueleto do urso em meio a uma poça de água é tudo que restará na Praça Kongens Nytorv, em pleno coração de Copenhague, para recordar os desafios que enfrentamos sobre nosso clima%u201D, afirmaram os organizadores do protesto em um comunicado. Eles calculam que o processo de derretimento levará 10 dias.

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