postado em 10/12/2009 08:01
O temor expresso pelo ministro se justifica quando se observa que é geral o receio de definir quantias a serem doadas para esse fundo. A Conferência da ONU foi inaugurada na segunda-feira sem dinheiro sobre a mesa, e os compromissos assumidos pelos países industrializados para reduzir suas emissões são considerados decepcionantes pela Comissão Europeia.
A promessa de ajuda imediata aos países pobres pode ser uma forma de levar as negociações para propostas mais concretas. As necessidades mundiais estão estimadas em entre 5 e 7 bilhões de euros por ano, ou algo em torno de, pelo menos, U$ 10 bilhões. A presidência sueca da UE quer um valor preciso, e este valor seria da ordem de 2 bilhões de euros por ano.
Até agora, Reino Unido e Suécia já anteciparam um valor. Os britânicos pretendem colaborar com 800 milhões de libras (884 milhões de euros), divididos em três anos. Já os suecos disseram estar dispostos a oferecer 8 bilhões de coroas (765 milhões de euros), no mesmo período. "A França será generosa", anunciou o governo em Paris, sem falar em números. O mesmo acontece com a Alemanha, que preferiu a cautela: "Não vamos dar um cheque em branco para deixar os outros fugirem às suas responsabilidades", declarou o chefe da diplomacia Guido Westerwelle. "A Itália decidirá o que a UE decidir", afirmou o diplomata italiano Franco Frattini.
Efeito estufa
Além de tentar aprovar o fundo internacional, um dos pontos mais polêmicos em discussão, os participantes da cúpula de Bruxelas vão tentar também superar divergências sobre um outro tema-chave: a Europa deve mesmo rever sua meta de redução de gases causadores do efeito estufa e elevá-la de 20% para 30% até 2020?
A Polônia e outros países do Leste se opõem ao Reino Unido e ao Parlamento Europeu, partidários de elevar, sem demora, a meta para 30%, em relação a 1990, até 2020. "As condições ainda não foram satisfeitas para elevar nossa meta", afirmou Dowgielewicz. Segundo cientistas, para limitar o aquecimento climático a 2ºC, os países industrializados devem reduzir até 2020 suas emissões de carbono(1) entre 25% e 40% em relação aos níveis de 1990. Por enquanto, o total das ofertas dos países industrializados está em 13,3%, com o comprometimento americano (17%). No melhor dos casos, elas chegariam a 17,8%, se a UE elevar sua meta de redução a 30%.
A meta anunciada pelos Estados Unidos, por sua vez, foi alvo de críticas feitas pelo primeiro-ministro sueco Fredrik Reinfeldt. "Consideramos que os esforços tomados pelos Estados Unidos não são comparáveis aos da União Europeia e achamos que não chegou o momento de elevar nossa meta de redução a 30%", disse, numa declaração em vídeo anexada ao site oficial da presidência sueca da UE.
1- Nove presos por fraude
O mercado de direitos de emissão de CO2 na União Europeia foi alvo de uma fraude do IVA (Imposto sobre o Valor Adicionado) que acumula 5 bilhões de euros (7,4 bilhões de dólares) desde meados de 2008, anunciou ontem a organização policial Europol. "O sistema europeu de intercâmbio de cotas de gases de efeito estufa foi vítima de vendas fraudulentas durante os últimos 18 meses", afirmou a Europol em comunicado. Os fraudadores estavam instalados num país europeu e compravam em outro os cupons de emissão, que estavam assim isentos do IVA. As cotas eram vendidas depois para empresas do primeiro país, desta vez com IVA. Os vendedores ficavam com o IVA no lugar de repassá-lo para a administração fiscal. Nove pessoas foram detidas na Grã-Bretanha.