COPENHAGUE - A sessão ministerial da conferência da ONU destinada a concluir um acordo mundial sobre o clima começou na tarde desta terça (15/12), em Copenhague, com advertências repetidas sobre os riscos de fracasso, devido ao bloqueio persistente nas negociações.
A três dias da cúpula que reunirá 120 chefes de Estado e de governo, no encerramento da conferência, os ministros do Meio Ambiente iniciaram formalmente seus trabalhos nesta terça, na presença do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que veio dar uma "força" às negociações.
A conferência de Copenhague é um "momento determinante na história", considerou Ban Ki-moon, na abertura da sessão ministerial da conferência.
Segundo Ban Ki-moon, a ajuda financeira dos países industrializados às nações em desenvolvimento constituirá um "elemento-chave" do futuro acordo "para ajudar os mais vulneráveis".
Já a ministra dinamarquesa do Meio Ambiente, Connie Hedegaard, que preside a negociação de Copenhague, advertiu que a conferencia pode fracassar se os representantes dos 193 países presentes não estiverem dispostos a fazer concessões.
O secretário-geral das Nações Unidas saudou "a emergência de um consenso entre países desenvolvidos para conceder cerca de 10 bilhões de dólares por ano, durante três anos", a título de ajuda imediata, à adaptação das nações mais vulneráveis aos impactos do aquecimento.
"Com este dinheiro, poderemos realmente obter resultados, reforçar as capacidades de recuperação, limitar o desmatamento, coordenar um crescimento fracamente emissor", prosseguiu.
Segundo Ban, "mais este acordo será forte, mais rápido será transformado em tratado vinculante" (acordado por todos os países e com valor legal).
"Até que tenhamos esse acordo, o Protocolo de Kyoto permanece como o único instrumento legalmente vinculante que sela os compromissos de redução" das emissões de gases de efeito estufa, insistiu.
Nesta terça-feira, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, destacava também que a pressão não pode repousar exclusivamente nas nações industrializadas; elas devem, certamente, mostrar o caminho, porque "praticamente todo o crescimento das emissões nos próximos 20 anos virá dos países em desenvolvimento".
Este ponto opõe, principalmente, os Estados Unidos e a China, os dois maiores poluidores do planeta.
"Há dois países que representam a metade das emissões mundiais", lançou o ministro sueco do Meio ambiente, Andreas Carlgren, cujo país preside atualmente a UE. "Esperamos sempre que elevem seu nível de ambição, em termos de redução das emissões".
Mas Pequim recusou-se novamente a debater suas metas de emissões de gases de efeito estufa, não prevendo reduzi-las em volume absoluto, a fim de adaptar seu crescimento.
E o emissário americano na conferência, Todd Stern, também excluiu rever em alta, em Copenhague, os objetivos de redução em 2020, destacando que o Congresso dos Estados Unidos deve ainda aprovar uma lei sobre o assunto.
Na manhã desta terça-feira, um novo projeto de acordo, deixando de lado as metas cifradas de redução, realizado por grupos de trabalho, foi submetido aos delegados. E um novo rascunho de um acordo global, redigido pela presidência dinamarquesa, está sendo esperado para esta quarta-feira.
A ideia é limitar o aquecimento do planeta em 2 graus, o que implica reduções drásticas e rápidas das emissões.
O sentimento de urgência aumenta de hora em hora, antes da sessão de sexta-feira.
O futuro do Protocolo de Kyoto, único tratado internacional vinculante contra o aquecimento, cujo primeiro período de compromissos termina no final de 2012, ainda é motivo de tensões.
A União Africana advertiu para a possibilidade de que a conferência sobre o clima em Copenhague termine com "a sentença de morte do Protocolo de Kyoto", única ferramenta legal de cumprimento obrigatório em matéria de luta contra o aquecimento global.
Mas a intransigência sobre Kyoto irrita outros países. "É preocupante. A conferência não avança por causa disso", estimou o ministro japonês do Meio Ambiente, Sakihito Ozawa.