Ciência e Saúde

Apoio social é "significativo" para a amamentação, diz especialista

postado em 10/01/2010 15:45
O pediatra Renato Lourenço, especialista em aleitamento materno, destaca que o apoio social é um fator condicionante muito significativo na implementação e manutenção da amamentação. "A família mais próxima e as relações de trabalho são peças fundamentais dentro desse processo. Se eles existirem de forma satisfatória, ajudam a propiciar a amamentação pelo tempo preconizado pela Organização Mundial de Saúde", disse. A nutricionista Rosane Rito, da gerência de Programas de Saúde da Criança da prefeitura do Rio, explica que as mulheres cada vez mais conhecem a importância da amamentação, mas na hora que o processo se dá, na prática, muitos fatores contribuem para o desmame. "Muita gente acredita que pode ter leite fraco ou que o leite não está saindo em quantidade suficiente e acaba dando uma mamadeira para acalmar o choro do bebê, que pode estar associado a outras causas", disse. Ela defende que a família participe do pré-natal para garantir suporte ideal na hora em que as dúvidas surgirem. Rosane informou que no município do Rio as maternidades e a maioria dos postos de saúde da rede pública disponibilizam orientações específicas sobre a amamentação, oferecendo, em muitos casos, cursos para gestantes que abordam essa questão. A médica parteira Claudia Orthof lembra que além das iniciativas governamentais, existem grupos de apoio no âmbito da sociedade civil, como o que coordena, chamado Amigas do Peito. Há cerca de 30 anos, a organização não governamental presta auxílio a mães que tenham dificuldade de amamentar. Entre outras ações, o grupo promove reuniões periódicas em que há troca de experiências e orientações sobre a prática do aleitamento. "Muitas mulheres acabam se sentindo culpadas por não conseguirem amamentar. Com isso, ficam mais ansiosas e o processo torna-se mais difícil. É preciso que elas entendam que a amamentação é um direito não só da criança, mas também seu", destacou Claúdia. Essa angústia foi experimentada pela dona de casa Martha Mesquisa, quando começou a amamentar sua filha mais velha, há cinco anos. "O bico do meu seio rachou e eu me senti muito culpada porque sempre ouvi que eu tinha o dever de amamentar. Tive que procurar a ajuda de um grupo de mães que se reunia no posto de saúde próximo à minha casa", lembra. Dados do Ministério da Saúde revelam que o panorama de aleitamento materno no Brasil vem melhorando ao longo dos anos. Segundo a assessora para assuntos relacionados a aleitamento materno da pasta, Lílian Córdova, o tempo médio de amamentação exclusiva no país passou de 23,4 dias para 54,1 dias nos últimos nove anos. Ela destacou os benefícios dessa prática para as crianças, mas também para as mães. "O leite materno contém todas os nutrientes que as crianças precisam nos seis primeiros meses de vida. Além de proteger o bebê de diversas doenças durante toda a sua vida, como obesidade, diabetes e alguns cânceres, também garante menos chances às mães de desenvolverem câncer de mama e ainda favorece uma relação bastante íntima entre ela e o bebê", diz Lílian.

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