PARIS - Uma equipe de astrônomos conseguiu captar diretamente o espectro luminoso de um exoplaneta gigante, fonte de informação sobre a composição química de sua atmosfera, graças ao VLT (Very Large Telescope) de Paranal (Chile), informou nesta quarta-feira um comunicado do Observatório Europeu Austral.
Ao observar um sistema de três exoplanetas, situados a 130 anos-luz da Terra, Markus Janson, da Universidade de Toronto, e seus colegas puderam obter o espectro de um planeta dez vezes mais maciço do que Júpiter e que gira em torno da estrela HR 8799.
"O espectro proporciona informações essenciais sobre os elementos químicos da atmosfera do planeta", explicou Janson, principal autor de um artigo sobre a descoberta publicada pela revista Astrophysical Journal.
"Com esta informação, podemos compreender melhor como se formou o planeta e, no futuro, poderemos, inclusive, ser capazes de encontrar sinais reveladores de vida", precisou Janson no comunicado.
Muitos astrônomos esperam descobrir planetas irmãos da Terra em outros pontos do universo.
A temperatura da superfície do exoplaneta gigante estudado alcança os 800;C, indicou Carolina Bergfors, do Instituto Max-Planck de Heidelberg, Alemanha, que também faz parte da equipe.
Esse exoplaneta e seus dois pares, que giram em torno da mesma estrela, foram descobertos em 2008 por outra equipe de cientistas.
Seu espectro pode ser obtido graças ao telescópio VLT, situado no Monte Paranal (Chile), e a seu instrumento de raio infravermelhos Naco.
"Esta é a primeira vez que é obtido diretamente da Terra o espectro de um exoplaneta que gira em torno de uma estrela normal, comparável ao Sol", enfatizou o Observatório Europeu Austral.
Até agora, para obter um espectro, era necessário que um telescópio espacial observasse o exoplaneta quando este passasse por trás de sua estrela.
Comparando a luz recebida antes, quando a estrela e o planeta eram visíveis, e captada quando o planeta era ocultado pela estrela, os astrônomos podiam deduzir o espectro próprio do planeta, um método aplicável "somente a uma pequena parte" dos planetas extrassolares, segundo o Observatório.
A equipe de Markus Janson mediu diretamente o espectro luminoso do exoplaneta HR 8799c, situado aproximadamente 38 vezes mais longe de sua estrela do que a Terra do Sol.
"É como tentar ver de que é feita uma vela observando-a a dois quilômetros de distância no momento em que está muito perto de um foco de 300 watts de luz cegante", explicou Janson.