Ciência e Saúde

Embrapa cria força-tarefa para desenvolver forma eficaz de combate ao mofo branco

O fungo afeta plantações de diferentes culturas no Brasil

postado em 28/01/2010 07:01
Uma iniciativa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) ; em parceria com 30 instituições de pesquisa ligadas a agricultura ; busca encontrar uma solução para um problema que chega a comprometer boa parte da produção de algumas lavouras brasileiras, como as de soja, feijão e algodão. Os danos causados pela doença mais conhecida como mofo branco têm origem no fungo Sclerotinia sclerotiorum e, segundo a Embrapa, a incidência desse mal tem aumentado bastante em Goiás, Minas Gerais e Bahia, nos últimos cinco anos. O transtorno pode acometer cerca de 200 gêneros de plantas, comprometendo desde culturas de alto potencial econômico a plantas daninhas. A força-tarefa liderada pela Embrapa tem o objetivo de estudar o nível de ocorrência da doença, os efeitos de práticas agrícolas, assim como definir estratégias de prevenção e manejo. Atualmente, o controle do mofo branco em algumas plantações do país vem sendo feito por meio de fungicidas ; produto que destrói ou inibe a ação dos fungos. Porém, os produtos utilizados são de eficiência questionável, conforme os órgãos responsáveis, além de apresentarem custo alto. O pesquisador da Embrapa Austeclínio Lopes explica que o fungo afeta o sistema vascular da planta. ;A estimativa é que ocorram perdas econômicas superiores a 30%. O mal compromete o transporte de nutrientes por toda a estrutura da espécie, com reflexos diretos na produtividade;, destaca ele, lembrando que a Embrapa Arroz e Feijão já vinha desenvolvendo estudos sobre a doença, porém especificamente nas plantações de feijão. As plantas infectadas costumam apresentar os sintomas geralmente após o florescimento, ou seja, período no qual estão totalmente desenvolvidas. Segundo os pesquisadores, o fungo pode sobreviver até 12 anos no solo e acaba afetando toda a parte aérea da planta, causando lesões inicialmente pequenas e aquosas, que rapidamente aumentam de tamanho. Com a progressão do mal, as partes afetadas tornam-se amareladas e depois marrons, produzindo uma podridão mole nos tecidos. Os sintomas iniciais são lesões encharcadas que se espalham rapidamente para as hastes, ramos e vagens. ;Nos tecidos infectados, aparece uma eflorescência que lembra algodão, constituindo os sinais característicos da doença;, destaca. Distrito Federal A praga já afeta as áreas próximas ao Distrito Federal. Segundo o proprietário de uma plantação de soja do Entorno que sofre com o problema, o mofo se dissemina rapidamente. ;Conheci casos de plantações em que a doença foi detectada numa segunda-feira e, quatro dias depois, boa parte já estava comprometida;, diz o produtor, que pediu para não ser identificado por medo de ver seu negócio prejudicado. De acordo com Lopes, da Embrapa, temperatura amena e umidade alta são as condições ideais para a ocorrência do mofo branco. Segundo o produtor entrevistado, os danos causados à lavoura de soja da propriedade, no ano passado, foram grandes. ;Perdemos uma área grande. Uma média de três a quatro sacos de soja por hectare, devido ao mofo;, explica. Para conter o problema, o produtor faz uso de produtos químicos, mas sabe que a alternativa não é a ideal. ;Infelizmente, é preciso solucionar o problema de alguma forma. Nosso intuito é que o grupo de pesquisa da Embrapa encontre uma forma mais econômica e eficaz para tratar o problema;, salienta. A pesquisa, que tem como coautor o pesquisador da Embrapa Soja Marício Meyer, terá duração de quatro anos. Ao longo desse tempo, os cientistas pretendem desenvolver mecanismos eficientes em diversas frentes. ;É necessário descobrir os fatores que deram origem ao fungo, além de realizar um zoneamento das áreas onde problema tem aparecido com frequência;, antecipa Meyer. O pesquisador enfatiza ainda a importância do estudo da variabilidade do fungo, ações de manejo e difusão da tecnologia. ;Depois de uma estratégia definida, é preciso espalhar a ideia para os produtores, que nesta fase inicial, têm nos ajudado bastante;, completa Lopes. A estimativa é que ocorram perdas econômicas superiores a 30%. O mal compromete o transporte de nutrientes por toda a estrutura da espécie, com reflexos diretos na produtividade; Austeclínio Lopes, pesquisador da Embrapa Ouça entrevista com o pesquisador Maurício Meyer

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação