Ciência e Saúde

Anvisa pede a médicos que tomem cuidado com medicamentos para emagrecer à base de sibutramina

Agência avisa que fará nova avaliação, podendo levar "a outras medidas restritivas ao uso da substância"

Luiza Seixas
postado em 28/01/2010 09:13
Alimentação saudável e pílulas: médicos tendem a defender o uso dos doisAlerta divulgado ontem pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pede para que os profissionais da saúde tenham cuidado ao receitar a substância sibutramina a seus pacientes. O remédio, vendido com os nomes Reductil, Reduxade, Zelium e Meridia, é usado no tratamento para a perda de peso. O Brasil, de acordo com relatório da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife), continua sendo o que mais consome esse tipo de medicação no mundo. A posição da Anvisa foi tomada de acordo com a determinação da Agência Europeia de Medicamentos, que baseada no Estudo Scout, proibiu a venda da sibutramina e a prescrição por médicos na Europa. Portanto, a partir da análise do estudo, a Anvisa recomenda a contraindicação do uso do remédio para pacientes com os seguintes perfis: que apresentem obesidade associada à existência de doenças cardio e cerebrovasculares; e aqueles que apresentem diabetes mellitus tipo 2, com sobrepeso ou obesidade e associada a mais um fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. A Anvisa afirmou ainda que fará, por meio da Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme), nova avaliação do estudo, com o objetivo de investigar os níveis de segurança do medicamento em pacientes com perfis distintos dos já estudados. ;Essa avaliação poderá levar a agência a determinar outras medidas restritivas ao uso da substância;, afirma o comunicado. Procurados novamente pelo Correio, os médicos que defenderam ontem a medicação mantêm o posicionamento, mesmo após a recomendação da Anvisa. O presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Ricardo Meirelles, diz que a retirada da sibutramina do mercado europeu foi precipitada, pois se baseia em dados já conhecidos do Estudo Scout, no qual 11,4% dos pacientes que utilizaram a sibutramina tiveram um evento cardiovascular. Segundo ele, o estudo incluiu cerca de 10 mil doentes com mais de 55 anos e histórico de doenças cardiovasculares ou diabetes tipo 2 com um fator de risco cardiovascular adicional. Ele destacou ainda que, no Brasil, os órgãos regulatórios precisam reforçar a advertência de que a sibutramina não deve ser usada por pacientes com doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, hipertensão arterial não controlada, arritmias e outros problemas cardiovasculares graves. Segundo a endocrinologista Elisiane Brandão Leite, o comunicado da Anvisa não muda em nada na prática, pois os profissionais sempre tiveram o cuidado com esse tipo de paciente. ;O paciente com esses fatores que é medicado pelos endocrinologistas já é observado. Já existe uma contraindicação e os pacientes são analisados caso a caso;, afirma. "O paciente com esses fatores que é medicado pelos endocrinologistas já é observado. Já existe uma contraindicação e os pacientes são analisados caso a caso; Elisiane Brandão Leite, endocrinologista

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