Ciência e Saúde

Anomalia genética multiplica por 50 os riscos de obesidade, diz estudo

Agência France-Presse
postado em 03/02/2010 17:10

PARIS - A perda de uma minúscula parte do cromossomo 16 multiplica por 50 os riscos de excesso de peso e de obesidade grave, e explica cerca de 1% dos casos, segundo os resultados de uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (3/2) pela revista cientifica Nature.

A obesidade é causada por fatores múltiplos: sedentarismo e má alimentação contribuem para o aumento, mas as recentes pesquisas apontaram cerca de 30 genes que aumentam o risco de maneira moderada (de 10 a 50% por gene).

Uma equipe de cientistas europeus estudou o papel desempenhado pela ausência de um pequeno fragmento do cromossomo 16 no aparecimento de uma forma grave de obesidade.

Inicialmente associada a problemas de aprendizagem ou a sinais de autismo, essa anomalia, denominada "microdeletion" (perda de uma parte ínfima do cromossomo), acarreta a supressão de 30 genes diferentes.

Os cientistas a identificaram em 33 pacientes obesos e que tinham atraso escolar.

Para saber se a anomalia intervém na obesidade comum, os pesquisadores estudaram o DNA de 16 mil europeus de pesos variados. Entre eles estavam 19 com "microdeletion" do cromossomo 16, os quais todos tiveram problemas com excesso de peso na infância e adolescência, e passaram a ser obesos na idade adulta.

Segundo os cientistas, a anomalia, que contempla menos de uma pessoa em cada mil, explica cerca de 1% dos casos de obesidade comum (e 3% dos casos de pessoas com problemas de gordura e que sofrem com problemas de desenvolvimento mental).

Mas as pessoas portadoras têm um risco de desenvolver uma obesidade grave multiplicado por 50.

Os resultados da pesquisa oferecem a perspectiva de uma prevenção na infância ao se levar em conta a identificação das causas genéticas da doença, assinala o professor Philippe Froguel, um dos autores do estudo.

Essa estratégia de diagnóstico precoce poderia ser aplicada em outros casos, como diabetes e hipertensão.

O trabalho confirma ainda a relação entre obesidade e doenças neuro-psiquiátricas. Ao identificar as causas comuns das doenças, mostra que a obesidade pode ser uma doença neuro-comportamental.

A pesquisa é fruto da colaboração da equipe do professor Froguel do Centro Nacional de Investigações Científicas de Lille (França), do Imperial College de Londres, da equipe suíça do professor Jacques Beckmann e de outros dez grupos científicos europeus.

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