Agência France-Presse
postado em 29/03/2010 19:18
O julgamento moral das pessoas pode ser alterado, afetando-se o funcionamento de uma parte do cérebro, revela um estudo publicado na edição desta segunda-feira da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.Cientistas do MIT (Massachusetts Institute of Technology) interromperam a atividade na junção temporo-parietal, uma área do cérebro situada acima e atrás do ouvido direito, normalmente ativada quando pensamos no resultado futuro de um ato em particular.
Os pesquisadores usaram um campo magnético aplicado no couro cabeludo para produzir uma corrente nesta área do cérebro e pediram aos voluntários da pesquisa que lessem uma série de situações relativas a questões morais.
Em uma delas, uma pessoa chamada Grace e uma amiga dela visitam uma indústria química quando Grace para em frente à máquina de café.
A amiga pede que Grace leve café com açúcar para ela. Um recipiente ao lado da máquina de café, com a inscrição ;tóxico;, contém açúcar comum, mas Grace não sabe disso. Na verdade, ela acredita que o pó branco no recipiente é uma substância tóxica, mas mesmo assim a coloca no café que levará à amiga. Apesar disso, a amiga não sofre qualquer problema de saúde porque o pó de fato era açúcar.
Os cientistas, então, pediram aos voluntários que avaliassem, numa escala de um a sete - sendo um "absolutamente proibido" e sete, "absolutamente permitido" -, quando julgassem o que Grace e outros protagonistas das situações expostas fizeram era moralmente aceitável.
Dois experimentos foram conduzidos. No primeiro, pediu-se aos participantes que julgassem os personagens da situação após sua junção temporo-parietal ter sido afetada por pulsos magnéticos durante 25 minutos. No segundo, pediu-se que fizessem seus julgamentos enquanto submetidos a impulsos muito curtos de interferência magnética.
Nos dois experimentos, a alteração da atividade neurológica normal na junção temporo-parietal direita desativou o mecanismo de julgamento moral das pessoas relativo às crenças dos protagonistas.
Com a junção temporo-parietal alterada, os voluntários se mostraram mais propensos a considerar moralmente aceitáveis tentativas frustradas de causar mal a outra pessoa do que os voluntários do grupo de controle cujo cérebro não foi estimulado.
"Quando a atividade na jução temporo-parietal é alterada, os julgamentos morais dos voluntários se inclinam para uma ;mentalidade (do tipo) sem prejuízo, sem falta;", mesmo que os participantes tenham atribuído a personagens como Grace a menção de ;proibido; por acreditarem que suas ações poderiam causar mal, destacou o estudo.