Ciência e Saúde

Mais modernas e seguras

Avanços tecnológicos no material fazem com que próteses de silicone sejam assimiladas pelo organismo com naturalidade. É preciso acompanhamento constante, porém, para definir a necessidade de trocá-las

postado em 05/05/2010 07:20
As próteses de silicone despertam fascínio e são objeto de desejo de milhares de mulheres. Seja para aumentar, modelar ou sustentar os seios, ou para reconstruir as mamas depois de uma mastectomia radical, a cirurgia se revela grande aliada da autoestima feminina. As próteses implantadas hoje pouco lembram aquelas usadas décadas atrás. Atualmente, as cápsulas são mais seguras, aderem melhor ao tecido mamário e são disponibilizadas em formatos variados, para se adaptarem melhor às necessidades de cada paciente. Fabricantes e especialistas não determinam mais um prazo de validade, mas nenhuma prótese, no entanto, é eterna. É preciso estar atenta ao momento de substituí-la.

Daniela colocou próteses de 350ml e depois as diminuiu: mais confiançaA evolução do material usado contribuiu para que a intervenção conquistasse de vez a prioridade feminina quando a assunto é cirurgia plástica. Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica revelam que, no Brasil, são realizados cerca de 460 mil procedimentos estéticos a cada ano. O aumento de mama, que representa 21% deles, é o mais executado pelos cirurgiões, superando a lipoaspiração (20%) e a cirurgia de abdômen (15%). A troca das próteses é considerada mais simples do que a primeira colocação.

A cirurgiã plástica especialista em mama Débora Cristiam Galvão explica que os médicos normalmente estipulavam o prazo de uma década para a substituição dos implantes, porque não sabiam como o organismo responderia ao corpo estranho que é a cápsula implantada. ;Hoje, sabemos que a validade das próteses depende de cada paciente. Para algumas, passados 10 anos os seios estão perfeitos, sem qualquer alteração. Outras precisam substituir os implantes em três ou quatro anos. O importante é observar os sinais emitidos pelo próprio corpo e fazer exames para avaliar se é ou não chegada a hora de submeter-se ao novo procedimento;, garante.

As próteses de última geração são preenchidas com silicone coesivo, mais macio e natural. O revestimento que protege o gel siliconado é texturizado, o que promove maior aderência nos tecidos internos ; glândulas, gordura e músculos, evitando o deslocamento e inibindo o endurecimento. Ainda assim, Débora pondera que o corpo humano reconhece e se defende contra objetos estranhos. ;É um processo natural. Ao redor da prótese implantada, o sistema de defesa cria uma cápsula orgânica, com consistência de clara de ovo, que ajuda os tecidos a entenderem que o implante não é uma ameaça;, explica. ;Em determinado momento, que varia de paciente para paciente, a tendência é que essa cápsula fique espessa e endurecida. É o que chamamos de contratura capsular. Isso pode ocorrer com dois, três, 10 ou até 20 anos após o implante. Quando acontece, é hora de trocar a prótese.;

Avaliação permanente
Avanços tecnológicos no material fazem com que próteses de silicone sejam assimiladas pelo organismo com naturalidade. É preciso acompanhamento constante, porém, para definir a necessidade de trocá-lasExistem exames que ajudam os médicos a verificar a situação da prótese. Desconforto, dor e mudanças perceptíveis ao toque são sinais de alerta. Mamografias anuais e ressonâncias magnéticas a cada cinco anos podem detectar uma ruptura ou mesmo microvazamentos. ;E ainda que eles ocorram, a cápsula orgânica protege o organismo. O silicone que está no interior das próteses de última geração não faz mal à paciente. Não há motivo para desespero. Diante desses sinais, a substituição deve ser feita sim, mas é importante frisar que a mulher não corre riscos. Pode-se planejar a troca com calma;, reforça Débora.

Quando a paciente não fica feliz com o resultado por conta das características da prótese, a substituição é feita sem problemas também. Foi o que ocorreu com a empresária Daniela Machado, 30 anos. Depois de ter dois filhos, ela percebeu que os seios ficaram menores, mais flácidos e não teve dúvidas: as próteses ajudariam a recuperar a autoestima. ;Era casada com um americano e fiz a cirurgia nos Estados Unidos. Talvez influenciada pelo cirurgião e pelo meu marido, optei por uma prótese de 375ml. Os seios ficaram enormes, não me adaptei e andava curvada. Dois meses mais tarde, troquei por uma prótese de 250ml que combinou com o meu perfil. Adorei o resultado e acho que as mulheres devem lançar mão desse recurso. A vida muda, ficamos mais confiantes;, avalia.

Ela lembra que é importante estabelecer uma relação de confiança com o especialista. ;Procure sempre uma segunda opinião, avalie a qualidade das próteses usadas pelo cirurgião e tire todas as dúvidas. Não adianta colocar próteses que destoam do resto do corpo. O médico deve orientar a paciente em relação a isso também. Hoje, existem vários formatos que se adaptam a todos os biotipos;, acrescenta.

As próteses podem ser colocadas entre a glândula mamária e o músculo ou atrás do músculo. Segundo a cirurgiã plástica Ivanoska Filgueira, o corte varia de acordo com a demanda da cada mulher. Na troca, os médicos procuram usar o mesmo feito na colocação. O corpo da paciente, contudo, muda com o passar do tempo e cada caso deve ser avaliado individualmente, porque na hora da substituição pode ser necessária a retirada de pele e outros cortes. ;A maioria das pacientes é internada pela manhã e vai para casa no fim da tarde. Se a colocação foi feita pela axila e houver uma contratura da prótese, também não é recomendável retirar por essa via, mas a cicatrizes são discretas e não costumam comprometer o resultado;, lembra.

Alternativa

Segundo Ivanoska, muitas mulheres chegam aos consultórios questionando sobre métodos alternativos, como o ácido hialurônico, um suposto substituto do material utilizado normalmente nas próteses. ;Não o recomendo, porque a quantidade da substância necessária para dar um volume de mama é extremamente alta. Depois, não existem estudos comprovando que esse ácido não prejudica o tecido mamário. O silicone não é para vida toda, necessita de troca, mas o custo benefício é compensador. O gel é altamente coesivo e muito seguro;, alerta. A médica observa ainda que o pós-operatório é o mesmo da colocação. A paciente não pode dirigir nos primeiros 15 dias, não deve levantar os braços e carregar peso, e os exercícios físicos estão proibidos por dois meses.

A dentista Daniela Dias Britto, 31 anos, fez a troca das próteses há 10 dias. A primeira cirurgia foi feita há sete anos e a cápsula apresentou pequena contratura quatro anos depois. ;Sabia que isso aconteceria. É uma reação natural do organismo, e assim que começou a incomodar marcamos a nova cirurgia. O corte foi feito no mesmo local e eu aproveitei para colocar uma prótese maior, de 400ml. Optei por um fabricante internacional, porque o perfil da cápsula é mais baixo e os seios ficam com a aparência mais natural. Estou ótima e já voltei a trabalhar;, revela.

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