Ciência e Saúde

Estudo em defesa do tamanduaí

postado em 19/05/2010 07:00
Um grupo de pesquisadores brasileiros está empenhado em conhecer melhor uma das espécies mais curiosas surgidas da biodiversidade brasileira: o tamanduaí (Cyclopes didactylus), considerado o menor tamanduá do mundo. O principal objetivo do estudo, coordenado pelo Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil (Projeto Tamanduá), é adquirir mais informações que ajudem na preservação do animal, cujo nome vem do tupi-guarani e significa ;pequeno caçador de formigas;.

A coleta de dados ocorreu em março, durante a primeira expedição pelo interior da Amazônia com o objetivo de conhecer melhor a espécie, que pesa em torno de 300g e chega a medir aproximadamente 20cm apenas. Um grupo de cientistas percorreu comunidades ribeirinhas e quilombolas coletando dados sobre as características e hábitos do tamanduaí.

O estudo, que conta com apoio da Fundação O Boticário, deve contribuir para a catalogação de dados sobre ecologia, saúde e genética da espécie. As informações serão importantes para a elaboração de estratégias que visam à conservação do animal no Brasil, como parte da defesa da biodiversidade do país.

Sumiço
De acordo com a médica veterinária Flávia Miranda, do Projeto Tamanduá, o tamanduaí é de difícil captura e, por isso, a equipe responsável pela pesquisa é a única no mundo a se dedicar ao estudo do animal em vida livre. ;A ideia surgiu da necessidade de estudarmos a espécie no bioma. O estudo com o Cyclopes teve início em 2006, no nordeste brasileiro, pois pretendíamos correlacionar os dados com as análises feitas nessa área, que também é de distribuição do animal, além da Amazônia;, explica Flávia.

O pequeno e simpático animal encontrado em algumas regiões brasileiras não é considerado uma espécie em extinção, sendo classificado como de ;baixa preocupação;. Entretanto, aqueles que lidam diretamente com a espécie dizem ser nítido seu sumiço, devido à acelerada destruição de seu habitat, principalmente a Mata Atlântica nordestina. A preocupação é de fato importante, pois sabe-se que quanto menor a variedade genética, maiores as chances de extinção.

Uma das conclusões da pesquisa de Flávia Miranda e sua equipe é que o tamanduaí se alimenta de formigas e cupins. Os pesquisadores também descobriram que a baixa temperatura do corpo do animal, cerca de 33;C, restringe a presença dele em locais com altitude superior a 1.500m, onde é mais difícil receber o calor do Sol.

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