Ciência e Saúde

Célula sintética é "um motor muito bom, mas não é a vida"

Agência France-Presse
postado em 21/05/2010 13:53
O jornal do Vaticano L;Osservatore Romano, ao noticiar nesta sexta-feira (21/5) a criação da primeira célula viva dotada de um genoma sintético, afirmou tratar-se de "um motor muito bom, mas não é a vida".

O jornal anuncia na primeira página a descoberta científica e confia ao pediatra Carlo Bellieni a tarefa de fazer o primeiro comentário oficial da Santa Sé.

Trata-se de "um trabalho de engenharia genética de alto nível", mas "na realidade, a vida não foi criada", só "houve uma substituição em um de seus motores", escreveu o médico. "Mais além das proclamações e das manchetes, foi conseguido um resultado interessante que pode ter aplicações e regras, como acontece com tudo o que toca o coração da vida", afirma.

Ao destacar que "a engenharia genética pode trabalhar para o bem", entre outras questões no tratamento de "enfermidades cromossômicas", pede "muita precaução".

[SAIBAMAIS]"As ações sobre o genoma podem - e o desejamos - curar, mas entram num terreno muito frágil no qual o entorno e a manipulação desempenham papel que não deve ser subestimado", destaca o médico.

"O DNA não é um motor do qual se muda um êmbolo, mas uma parte do ser vivo no qual estímulos inoportunos, embora realizados com boa intenção, podem ;apagar; os genes de forma inesperada", explica, recordando as preocupações com "os possíveis desenvolvimentos futuros dos organismos geneticamente modificados".

A criação da primeira célula viva dotada de um genoma sintético foi revelada na quinta-feira, abrindo o caminho para a fabricação de organismos artificiais, segundo os autores da pesquisa realizada nos Estados Unidos.

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