Paloma Oliveto
postado em 02/06/2010 20:36
Quem o vê quietinho no poleiro do Zoológico de Brasília não imagina que esse animal é capaz de estraçalhar uma jararaca ou um pequeno mamífero durante as caçadas. Apesar de se comportar muito bem no cativeiro, o falcão-de-coleira não pode conviver com aves um pouco menores, mesmo que da mesma espécie. Seria capaz de abatê-las.O exemplar que habita o zoo chegou muito debilitado, há cerca de um ano. Foi apreendido pela Companhia de Polícia Militar Ambiental e escapou de ser vendido por traficantes no mercado ilegal. Com os cuidados da chefe do Setor de Aves, Ana Cristina de Castro, e do veterinário Ricardo de Oliveira Alves, o falcão, único da espécie no cativeiro do Distrito Federal, se recuperou, e hoje vive confortavelmente em um espaço de 36 metros quadrados. ;Tentamos criar um ambiente parecido com o habitat natural. Os poleiros são importantes porque funcionam como um mirante. Na natureza, ele fica no alto, observando a presa até caçá-la;, explica Ana Cristina.
O veterinário Ricardo diz que, até hoje, não se sabe se o exemplar salvo do tráfico de animais é macho ou fêmea. ;Para isso, é preciso fazer um exame mais complexo;, explica. Assim como as outras aves do zoológico, o falcão-de-coleira não foi ;batizado;. ;Os nomes são mais comuns para os mamíferos;, diz a chefe do Setor de Aves.
Três vezes por mês, de preferência às segundas-feiras, quando não há visitação, o falcão pode matar a saudade da vida no habitat natural. Como forma de assegurar seu enriquecimento ambiental, os veterinários jogam pintos vivos na área de exposição. Assim, o falcão desenvolve seu instinto de caça ; na natureza, ele se alimenta de outras aves e até de cobras peçonhentas. A aparência frágil não deve enganar. ;Quando ele voa e pega uma presa, a força é tão grande que dá para quebrar os ossos;, conta Ana Cristina.