postado em 03/06/2010 07:00
Léo é conhecido como o porteiro do Zoológico de Brasília. Com seu pescoço comprido, enxerga mais longe que qualquer um. Quando alguém se aproxima, estica-se todo para ver quem é. ;Ele é muito dócil e abaixa a cabeça para ganhar carinho;, conta a coordenadora do setor de mamíferos do zoo, Clariana Sousa Gelinski. ;Olha só que bonitinho;, derrete-se a veterinária, enquanto Léo devora um pouco dos 50kg de capim e alfafa que come diariamente.
Ele chegou em dezembro de 1997, diretamente do Parque Royal Natal, da África do Sul. Sete anos depois, ganhou a companhia de Yaza, procedente da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte. Diferentemente do parceiro, a fêmea é mais arisca. Antes, quando uma pessoa chegava perto, Yaza, que vai completar sete anos no próximo mês, dava marcha a ré.Agora, com o condicionamento que tem recebido, está mais sociável. Não chega a esticar o pescoço para ganhar um afago, mas já não foge das visitas. Entre outros animais, porém, a girafa se sente muito à vontade. De vez em quando, os veterinários soltam no recinto de Yaza e Léo os waterbucks, antílopes africanos vizinhos das girafas no zoo. ;Eles viraram amigos. Convivem muito bem;, diz Clariana.
As atenções dos veterinários e tratadores estão voltadas à fêmea. Yaza está grávida, embora não seja possível precisar a semana de gestação. Como já abortou duas vezes, a torcida é para que, agora, ela vire finalmente mamãe. Uma maternidade construída ao lado do brete, compartimento onde os animais são contidos, aguarda por Yaza e seu filhote. Logo depois de dar à luz, as girafas entram no cio. Por isso, precisam ser separadas do macho, para que possam cuidar da girafinha.
O isolamento de Léo e Yaza teve de ser suspenso no ano passado, quando ela chegou a parir, mas, em dois minutos, perdeu a filha, vítima de malformação. Temendo que o macho quisesse cobrir Yaza novamente, os veterinários os separaram. Mas em pouco tempo juntaram o casal novamente. Léo e a companheira simplesmente pararam de comer. Ficavam esfregando os pescoços, um no outro, pela grade. ;Eles choravam, sofriam muito;, recorda-se Clariana.
Entre os mais animados na torcida pela gravidez bem-sucedida de Yaza está o tratador das girafas, Walter Pereira Lima, 53 anos, 43 trabalhando no Zoológico de Brasília. ;Olha como eles são lindos. As girafas parecem as modelos. São altas, magras e andam com muita elegância;, admira Walter, que se considera ;pai; dos bichinhos. Agora, mal pode esperar para, enfim, virar ;avô;.