Ciência e Saúde

Estudantes de 52 países se reúnem em Luziânia para debater formas de preservar o meio ambiente

postado em 12/06/2010 08:52
Lenilton Ribeiro dos Santos, 15 anos, seria apenas mais um aluno do 1; ano do ensino médio se não fosse um detalhe: seu compromisso ambiental. O estudante do Centro de Ensino Médio 414 de Samambaia tornou-se um agente mobilizador em prol do meio ambiente. Há dois anos, o adolescente promove em sua escola ações para conscientizar os colegas sobre a importância da preservação das árvores. A iniciativa partiu do próprio garoto, depois de observar a área próxima à sua antiga escola, o Centro de Ensino Fundamental 412. ;Na época da seca era terrível. Não tínhamos sombra e o cenário parecia de um deserto;, relata. O jovem foi à diretoria do colégio e pediu algumas mudas. ;Plantei 14 árvores nativas do cerrado;, conta entusiasmado. O exemplo motivou outros jovens, que o seguiram.

A história de Lenilton se mistura a outras protagonizadas por 400 meninos e meninas de 12 a 15 anos, vindos de 52 países, que estiveram reunidos na 1; Conferência Internacional Infantojuvenil ; Vamos Cuidar do Planeta? (Confint 2010). O evento ocorreu nesta semana na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI) em Luziânia (GO) e reuniu jovens ativistas comprometidos com o futuro do planeta. São adolescentes que impressionam pela maturidade e visão empreendedora para o desenvolvimento sustentável. Krishynan Shanty, 15, dedica-se a conscientizar os moradores do bairro da Penha, no Rio de Janeiro, a adotarem atitudes ambientais, como economizar água e energia. ;Sementes têm diferentes tempos de germinação. Acredito que, com o tempo, as pessoas fiquem conscientes;, ensina.

A angolana Lana Germano, 14 anos, moradora da província de Namibe, descreve com maturidade a exploração de petróleo na região e o impacto que ela traz. Analisa com propriedade a questão do uso dos combustíveis fósseis e as alternativas limpas, como a eólica, para a qual seu país tem grande potencial, devido aos ventos fortes. ;A exploração desordenada do petróleo polui o que pode ser o nosso combustível: o ar. É preciso que algo seja feito agora para que, no futuro, tenhamos nossos ventos limpos e possamos colaborar com um mundo mais sustentável e preservado;, afirma a angolana.

A saída que Lana encontrou para promover esse equilíbrio foi o reflorestamento da região. ;Nossa província parece um deserto e as poucas árvores não conseguem absorver todo o gás carbônico liberado pela exploração do óleo;, analisa. A adolescente conseguiu sensibilizar e mobilizar o governo local, que doou mudas de árvores para serem plantadas em sua escola. ;Com mais árvores, futuramente poderemos ter um ar mais limpo, que possa ser utilizado como energia;, almeja.

Carta
A coordenadora-geral de Educação Ambiental do Ministério da Educação (MEC) e do Confint 2010, Rachel Trajber, afirma que os jovens são o ponto de partida para as mudanças. ;São eles que podem promovê-las;, diz. As propostas desses adolescentes foram expressas na Carta das Responsabilidades, documento resultante do encontro no qual os participantes se comprometem a adotar ações em suas comunidades e a divulgar as sugestões para seus governos locais. ;Essa ação, cuja a opinião dos jovens é respeitada e valorizada, promove o reconhecimento de que podemos assumir responsabilidades individuais e coletivas para promover a melhoria da qualidade de vida local e do planeta;, avalia Rachel.

Durante o evento, realizado pelo MEC em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), os jovens participaram de workshops sobre fontes renováveis de energia, uso racional da água e sistemas agroflorestais, tema que preocupa especialmente a meiga Andrea Itarralde, 14 anos. A adolescente mora na cidade de Latacunga, no Equador, e se depara com um problema sério: a devastação da porção amazônica de seu país. Segundo a estudante, a população não sabe como cuidar do meio ambiente. ;Eles não valorizam o que temos, não reciclam, não tentam consumir menos. Assim, destroem o planeta.;

Andrea se juntou a alguns colegas e, com ajuda da escola que frequenta, montou um projeto de reflorestamento, encaminhado ao prefeito da cidade. A proposta foi aceita e a Prefeitura doou mil mudas de árvores para cada escola plantar. ;Cada aluno plantou de duas a sete mudas e cuida delas como se fossem filhos;, comemora a estudante. Só na escola de Andrea, 150 alunos aderiram à causa. ;Acredito que cada um deva assumir essa responsabilidade com o futuro. A minha, agora, é consumir menos e reaproveitar tudo que puder. E a sua, qual é?;, indaga.

A reciclagem foi a porta de entrada do estudante espanhol Gerard Martinez, 15 anos, no engajamento concreto em prol do meio ambiente. O adolescente foi um dos precursores na implantação de um sistema de reutilização de livros na sua escola em Barcelona. ;Em nosso país, consumimos muito sem necessidade. Isso tem de parar;, sentencia. Atualmente, o estudante se engaja na economia de energia e água. ;Sofremos com escassez de água e nossa energia tampouco é renovável. O jeito é economizar;, diz. Gerard, com ajuda de colegas, conseguiu que a escola aderisse a um sistema de controle de lâmpadas. ;É simples. Um interruptor apaga todas as luzes de uma vez. Dessa forma, conseguimos economizar energia, pois nenhuma lâmpada fica acesa desnecessariamente;, explica o jovem.

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