postado em 19/07/2010 09:25
Belo Horizonte ; Acompanhar e tratar pessoas idosas são tarefas delicadas e sensíveis, que, a princípio, podem não ter nada a ver com um laboratório de sistemas de computação integrados. Mas pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) acreditam que uma rede de chips sensores pode ser bastante útil no monitoramento remoto da saúde desses pacientes. Quedas domésticas representam a sexta causa de morte de idosos no Brasil e, muitas vezes, os pacientes esperam horas até que consigam comunicar o acidente e acionar socorro. O novo sistema agilizaria esse processo.;O chip detectaria a queda e, em tempo real, transmitiria os dados para uma central-base;, explica o professor Diógenes Cecílio da Silva Júnior, coordenador do laboratório que abrigou o surgimento da empresa que hoje desenvolve o projeto.
A pesquisa começou há cinco anos, com investimentos de R$ 1,5 milhão e, em 2012, deve ficar pronto o primeiro protótipo do chip. De acordo com o professor, ele poderá também ser acoplado a aparelhos que medem temperatura, batimentos cardíacos e nível de oxigênio no sangue. Da central-base, os dados podem ser disponibilizados na internet, para consulta de médicos ou parentes do paciente ; em computadores, telefones celulares ou outros equipamentos portáteis que acessam a grande rede.
Parentes cadastrados poderiam receber as informações por telefone, por exemplo. A primeira etapa da comunicação dos dados (entre os chips dos pacientes monitorados e a central-base) usa uma rede de abrangência e custos menores que a internet: as informações seguem em protocolo específico, em ondas de rádio, no espectro de frequência ISM (destinada a Indústria, Ciência e Medicina, na sigla em inglês).
Outro aspecto destacado pelos pequisadores é o fato de o chip estar integrado ao equipamento de telemetria ambulatorial ; que faz as medições de temperatura, pressão etc. Uma vez digitalizados, os dados seguiriam pelas ondas de rádio, sem custos com conexão à web ou computadores. Assim, o sistema supriria o monitoramento de saúde ambulatorial domiciliar, substituindo a permanência na clínica. A economia estimada, entre os gastos com deslocamento e internação, seria entre 20% e 60%. A principal diferença desse modelo para os atuais sistemas de e-health e telehomecare (soluções eletrônicas para monitoramento de saúde à distância) é a mobilidade dos sensores, já que o chip pode estar sempre com o paciente.
Economia e precisão
O sensor tem, hoje, nove centímetros cúbicos, e o objetivo dos pesquisadores é torná-lo ainda menor. Nos sistemas convencionais de telemetria, as informações são transmitidas e processadas fora dos sensores. ;Se ocorre um defeito em algum sensor, todo o sistema fica comprometido. No nosso caso, como os sensores são autônomos, outro pode assumir suas funções e continuar coletando, processando e enviando informações;, diz Silva Júnior. Esse é o princípio da rede, que pode gerar, aplicações além da área de saúde.
As capacidades computacionais reduzidas do chip são outra vantagem do sistema, de acordo com Alair Dias Júnior, também envolvido na pesquisa. ;Os sensores são dedicados a uma única função, e gastam menos energia por isso;, detalha. É também desta forma que o protótipo brasileiro deve superar as pesquisas internacionais no quesito economia. Enquanto sensores semelhantes produzidos no exterior chegam a custar centenas de dólares, a ideia é que cada unidade, no Brasil, custe menos de R$ 200.
O caminho entre o laboratório e o mercado é paralelo às etapas finais de desenvolvimento da tecnologia, como adianta Solange Gomes Leonel, que cuida da transformação do resultado da pesquisa em produto: ;Empresas de equipamentos de telemetria ambulatorial já negociam a inserção do chip;. Para além de todas as outras inovações no processo, o monitoramento à distância permitiria aos hospitais aumentar o número de assistidos, sem expandir a estrutura física.
Como funciona
O sensor pode estar conectado a aparelhos que medem:
E pode ficar, por exemplo, junto ao corpo do paciente. Se o idoso sofre uma queda, o aparelho detecta o acidente
As informações são enviadas, via rádio, para uma estação-base. Em seguida, vão para a internet
E podem ser acessadas de computadores, PDAs e telefones celulares
Parentes cadastrados podem receber as informações