Ciência e Saúde

Método estima o tempo da menopausa e o que resta de fertilidade, além de prever doenças

postado em 24/07/2010 07:00
Este ano a pílula anticoncepcional completou 50 anos de existência. A popularização dos métodos contraceptivos aliada à participação da mulher no mercado de trabalho resultou não só na redução do número de filhos na família brasileira, mas também no aumento dos casos de gravidez após os 35 anos. Um estudo apresentado na Itália este ano beneficia mulheres que pretendem adiar a gravidez para investir na carreira ou simplesmente optam por ter filhos mais tarde. Uma pesquisadora iraniana desenvolveu um método seguro e preciso que prevê com que idade a mulher vai atingir a menopausa ;fenômeno biológico que marca o fim da fertilidade feminina e o início do climatério.

Fahimeh Ramezani Tehrani, presidenta do Departamento de Endocrinologia Reprodutiva da Universidade de Ciência Médica do Teerã, no Irã, afirma que o método promete dar mais segurança às futuras mamães, na tentativa de se anteciparem aos problemas da menopausa. Ele se baseia na análise de outro hormônio, o antimulheriano (AMH). O AMH é produzido pelas células do gameta feminino e indica como está o grau de fertilidade do órgão reprodutivo.

A pesquisa de Tehanj foi feita com 266 mulheres, ao longo de 12 anos. Nos resultados apresentados este ano em Roma, 63 das mulheres analisadas atingiram a menopausa. A diferença entre a idade estimada e a real para chegarem na menopausa foi em média de apenas três meses. A margem de erro máxima obtida no estudo foi de quatro anos. Significa dizer que se uma paciente fizer o teste hoje, aos 27 anos, por exemplo, e a previsão da idade em que vai chegar à menopausa for de 52, ela pode se programar para o fim da época reprodutiva entre os 48 e 56 anos de idade.

Sandra não cabe em si de tanta felicidade por ser mãe outra vez aos 43 anosTehanj acredita que a pesquisa pode ajudar as mulheres a tomarem decisões a respeito do planejamento de suas famílias. Em média, as mulheres alcançam a menopausa aos 52 anos de idade, mas essa faixa etária pode variar dos 40 até os 60 anos. Além disso, cerca de 10% delas chegam ao fim da vida fértil por volta dos 45. ;As mulheres da sociedade moderna tentam adiar a gravidez e optam pela maternidade tardia sem saber do risco da menopausa precoce;, alerta.

O teste é feito com uma dosagem sanguínea única e simples, sem jejum e independente do ciclo menstrual da paciente. Juliano Scheffer, diretor do Instituto Brasileiro de Reprodução Assistida (IBRRA), explica que é por meio da interpretação do resultado desse exame que se pode avaliar a reserva ovariana. ;O resultado do teste vai dizer se o grau de fertilidade da mulher está alto ou baixo, se ela está perto da menopausa ou não. Vai funcionar como um aviso para as mulheres que pretendem engravidar;, diz.

No caso de constatada a baixa dosagem do AMH, a mulher pode optar por congelar alguns dos ovócitos restantes. Outro benefício do exame é a prevenção de doenças. ;A partir dos 30 anos a mulher começa a ter perda de massa óssea, e quando entra na menopausa o problema é acentuado. Ao se predizer esse período pode-se prevenir a osteoporose com medicamentos para fortalecer os ossos e evitar a perda de cálcio, por exemplo;, explica o especialista.

O exemplo de Sandra

Uma pesquisa feita este ano no Hospital das Clínicas de São Paulo constatou que uma em cada seis gestantes tem mais de 35 anos de idade. Em 1970, essa proporção era de uma entre 20. Em quatro décadas esse índice mais do que triplicou. ;Muitas mulheres não sabem que após esta idade as chances de engravidar podem ser reduzidas em até 30% quando comparadas com as de mulheres de 25 anos ou menos. Após os 40 a probabilidade de uma gravidez bem-sucedida sem intervenção médica cai para 5% apenas;, alerta Scheffer.

Alessandra (nome fictício) já era casada havia mais de cinco anos quando resolveu ter filho. Na época tinha 37 anos e era juíza de direito. ;Antes disso tinha como prioridade minha carreira, que exigia muita dedicação e estudo;, confessa. Ela foi aconselhada experimentar, por um ano, a tabela invertida, mas não deu certo. ;Então, procuramos uma clínica de reprodução assistida. Fizemos todos e exames e depois de duas tentativas malsucedidas, aos 39 engravidei da minha filha;, conta.

Esperança
Costumava-se medir a fertilidade pelos níveis dos hormônios FSH (hormônio folículo-estimulante) e estradiol, mas essas taxas não eram precisas. Foi esse o problema da analista ambiental Sandra Lima, 43 anos. Quando decidiu engravidar em 2009, ela procurou um médico que fez essas medições hormonais. O resultado dizia que ela poderia engravidar. ;Depois de seis meses de tentativas, mesmo os exames tendo dado bons resultados, eu não conseguia;, relata.

Sandra procurou então um médico especializado em saúde reprodutiva. Novos exames não deram resultados tão animadores. ;As chances de eu engravidar eram de apenas 5% e, para isso, eu teria que me submeter a tratamento caros;, relembra Sandra, que já tem um filho de 20 anos. Como a vontade dela e do marido de terem um filho era grande, ela decidiu que arriscaria um tratamento de fertilização. ;Continuei tomando vitaminas e fazendo terapias ;, conta Sandra, que na semana passada teve uma surpresa. ;Descobri que estou com um mês de gestação. Eu nunca desisti e sabia que mesmo com todas as dificuldades iria conseguir;, completa a futura mamãe.

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