Ciência e Saúde

Limpezas faciais e peelings ajudam na busca por rosto sem mancha e cicatriz

Mas escolha de profissionais qualificados é fundamental

postado em 29/09/2010 08:00
Ter a pele lisinha, livre das manchas provocadas pelo sol e de indesejáveis cicatrizes, sejam elas decorrentes de algumas doenças, como a acne, ou dos mais diversos fatores, é um privilégio de poucos. As marcas do tempo, então, são implacáveis e inevitáveis. Até a década de 1990, a limpeza de pele era a aposta dos mais cuidadosos para revitalizar o rosto. Nos últimos 15 anos, foi a vez de o peeling ganhar os holofotes e se revelar um importante aliado daqueles que buscam, além da melhora estética, a saúde do tecido facial e o rejuvenecimento. A confusão em torno dos dois procedimentos, no entanto, é comum. Como consequência, muita gente acaba nas mãos de profissionais pouco qualificados, que provocam danos nem sempre reparáveis, colocando em risco o bem estar físico e emocional do paciente.

Mas escolha de profissionais qualificados é fundamentalO objetivo do peeling é provocar a renovação da pele a partir da descamação das camadas da derme. Dependendo do produto ou do instrumento utilizado, é possível atingir partes profundas do tecido facial, promovendo clareamento, remoção de manchas e eliminação de cicatrizes provocadas por acne ou outros males dermatológicos. O peeling também induz a produção de colágeno, elemento-chave para se ganhar tônus facial, o que rejuvenesce peles mais maduras, já com rugas e marcas de expressão. O bom resultado, segundo a dermatologista Grace Caldas, é decorrente de fatores que vão da escolha do agente de descamação à reação de cada pele, bem como depende da disciplina do paciente. ;Médicos e esteticistas não fazem milagres. Aprimoramos conhecimentos, buscamos novas técnicas e atualizamos nosso arsenal, mas há um limite em relação ao que pode ser corrigido. Fuja de profissionais que garantem uma pele de bebê. Isso não é possível;, alerta a dermatologista.

O dermatologista Erasmo Tokarski fala sobre o peeling

A limpeza de pele promove a retirada de impurezas para evitar a obstrução dos folículos e facilitar a penetração de agentes protetores. Depois da higienização dos resíduos superficiais, é feita uma esfoliação para eliminar as células mortas, seguida da tonificação para equilibrar o pH da derme e da extração de cravos. ;Por último, é feita uma estimulação com um aparelho que emite pequenos choques, o que impulsiona a cicatrização e deixa o rosto preparado para a hidratação. Na verdade, a limpeza e o peeling podem ser complementares;, sugere a especialista em cosmetologia e estética avançada Priscilla Baracat.

Riscos
Os peelings superficiais podem ser feitos por esteticistas capacitados. Os mais profundos demandam execução de dermatologistas. Quando o procedimento promove uma descamação mais intensa, o profissional deve estar preparado para possíveis complicações. Elas são raras, mas podem ocorrer. Algumas peles, principalmente as morenas e negras, estão mais sujeitas a manchas decorrentes da agressão. É dever do dermatologista prevenir o paciente dos riscos e estar pronto para intervir. ;Alguns casos demandam uma descamação tão intensa que precisamos realizá-la em centro cirúrgico, com anestesia. O paciente fica afastado de suas atividades por pelo menos duas semanas e deve ir ao consultório para a avaliação de três em três dias;, explica Grace.

A área tratada deve ser cuidada antes e depois do procedimento, seja ele leve ou profundo. Nesse aspecto, a limpeza é um adjuvante importante. É fundamental que a pele esteja limpa, hidratada e sem qualquer sinal de inflamação ou infecção. Em pacientes acometidos pela herpes, o cuidado é redobrado. Nos dias antes e depois da terapia é preciso tomar antivirais, para evitar que as feridas sejam disseminadas por toda área tratada.

;Peelings médios e profundos causam crostas de cicatrização. Peles com acne devem ser tratadas previamente para evitar manchas e complicações. Errar a mão em relação à intensidade do peeling pode provocar marcas mais escuras ou mais claras e até queloides;, pontua o dermatologista Erasmo Tokarski. Ele pondera que o paciente interessado em fazer um peeling invariavelmente está preocupado com a questão estética. ;Incômodos em relação à aparência da pessoa acabam comprometendo a saúde. Tenho casos de pacientes que sofriam de depressão por terem a pele manchada e marcada;, observa.

A corretora de imóveis Edna Dourado da Silva, 34 anos, viveu momentos delicados depois de fazer um peeling que acabou arrastando-a para o isolamento social. ;Confesso que não protegia muito minha pele. Aos poucos, manchas na testa, nas maçãs do rosto e no buço foram surgindo. Me propus a fazer um peeling, mas não tive o cuidado na escolha do profissional;, lamenta. Edna caiu nas mãos de uma esteticista não capacitada. O procedimento foi desastroso, provocou dor, fez com que as manchas se intensificassem e ainda rendeu cicatrizes. Desesperada, ela não conseguia sair de casa, abandonou o trabalho e não queria contato nem com a família. ;Fiquei irreconhecível, até pedir socorro a um dermatologista, que conseguiu salvar meu rosto. Ele foi sincero e disse que não era possível remediar 100% do estrago. Mas acabamos nos surpreendendo e chegamos aos 98%. As cicatrizes e manchas quase sumiram;, conta.

A advogada Gabriela Bastos também conseguiu alento em relação às cicatrizes provocadas pela acne. No caso dela, a limpeza de pele abriu caminho para o peeling. ;Estava cansada de tomar medicamentos fortes para controlar as espinhas. Fiz uma limpeza de pele que me livrou das inflamações e permitiu que eu fizesse um peeling cristal(1). Repito o procedimento uma vez ao mês e minha pele está bem melhor;, diz. Especialistas alertam que é preciso cuidado com o sol ou iluminação artificial intensa. ;Mesmo os peelings superficiais deixam o tecido facial mais sensível e exposto. O protetor solar jamais deve ser esquecido;, alerta Tokarski.

1 - Ação profunda
O peeling cristal utiliza cristais de hidróxido de alumínio para fazer uma microdermoabrasão da pele. O procedimento é executado com o auxílio de um aparelho de sistema a vácuo, que promove a pulverização de cristais de óxido de alumínio sobre a área a ser tratada. A reação abrasiva destrói a barreira externa da derme, aumentando a penetração e potencializando a ação das medicações tópicas usadas pelo próprio paciente ou pelo profissional durante o procedimento

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