PARIS - Astrofísicos europeus anunciaram, em artigo publicado na edição desta quarta-feira (13) da revista científica britânica Nature, ter conseguido solucionar um mistério sobre o crescimento das galáxias, que a partir de protoestruturas deram origem às gigantes de bilhões de estrelas da atualidade.
Segundo eles, as jovens galáxias se alimentaram do gás frio que as cercou depois do ;big bang; para dar à luz novas estrelas, abrindo um novo caminho para se compreender a expansão do universo.
Análises de luz antiga, conhecida no jargão astronômico como ;redshift; (desvio para o vermelho), indicam que as primeiras galáxias se formaram cerca de 13 bilhões de anos atrás, um bilhão de anos depois do ;big bang; que deu origem ao universo.
Nos primeiros bilhões de anos que se seguiram ao ;big bang;, a massa da maior parte das galáxias aumentou consideravelmente e entender como isto ocorreu é uma das maiores indagações dos astrofísicos.
Até agora, muitos especialistas acreditavam que as galáxias aumentaram de tamanho colidindo e fundindo-se entre si.
Mas uma teoria diferente argumenta que esta não seria a única resposta. Uma abordagem mais sutil também funcionaria. De acordo com este argumento, uma galáxia jovem sugaria o gás frio interestelar como matéria-prima para produzir novas estrelas. Uma equipe de astrônomos pôs a ideia à prova, usando um espectrógrafo - equipamento que permite fazer a análise de luz - no telescópio europeu VTL (Very Large Telescope), instalado no deserto do Atacama, no Chile.
Os astrônomos começaram por selecionar três galáxias muito distantes entre si, semelhantes à Via Láctea, com antiguidade estimada em cerca de 2 bilhões de anos depois do ;big bang;, assegurando-se que não tenham tido contato com outras galáxias. Posteriormente, observaram o centro destas três galáxias com o VTL e perceberam que seu coração continha elementos atômicos menos pesados que os de outras, apesar de formar estrelas vigorosamente.
Inversamente, o centro das galáxias mais próximas da nossa são abundantes em "elementos pesados", ou seja outros que não os gases hélio e hidrogênio.
Os dois gases constituíram a quase totalidade do universo após o ;big bang; e foi a partir desta matéria-prima que as primeiras estrelas formaram, por fusão nuclear, elementos pesados como oxigênio, nitrogênio, carbono, etc.
A descoberta sugere que a matéria que alimenta a geração de estrelas nas jovens galáxias procedeu do "gás primordial" que as cercava e que continha poucos elementos pesados.
Os resultados "são a primeira evidência direta de que a adição de gás primitivo realmente aconteceu e que foi suficiente para incentivar uma vigorosa formação estelar e o crescimento de galáxias maciças no jovem universo", explicou o chefe da equipe de cientistas, Giovanni Cresci, do Obseratório de Astrofísico Arcetri, na Itália.
Segundo o Observatório Europeu Asutral (ESO), a descoberta é "a maior prova, até agora, de que as jovens galáxias absorvem gás primitivo" e o utilizam como combustível para dar origem a novas estrelas.
"A descoberta terá um enorme impacto na nossa compreensão sobre a evolução do universo do ;big bang; até os dias atuais", anunciou o Observatório Europeu Austral (ESO), em um comunicado. "As teorias sobre a formação das galáxias e sua evolução precisam ser reescritas", destacou.