Ciência e Saúde

Brinquedo da UnB ensina conceitos robótica e engenharia e ainda diverte

postado em 11/11/2010 08:00
Na era dos brinquedos eletrônicos, programadores e engenheiros têm como desafio o desenvolvimento de jogos que traçam estratégias, mexem com a lógica e estimulam a memória. A cada ano, são lançadas dezenas de jogos com esses conceitos, consumidos rapidamente e superados na mesma velocidade. No meio desse mercado em expansão, estudantes da Universidade de Brasília (UnB), com o apoio do Centro de Desenvolvimento Tecnológico da UnB (CDT), desenvolvem um brinquedo inédito, que trabalha conceitos de robótica e engenharia.

Segundo os neurocientistas, o cérebro funciona como um músculo. Tende a ficar mais forte à medida que é usado. Com isso, os novos jogos eletrônicos são tão específicos quanto os aparelhos de uma academia de ginástica: alguns servem apenas para aquecer os neurônios, outros para ativar áreas específicas do cérebro que trabalham com memória, atenção, linguagem e a visão espacial. No caso do brinquedo desenvolvido pela UnB, ele reúne todos esses conceitos.

Chamado provisoriamente de LED ; uma alusão ao diodo emissor de luz ; o brinquedo é composto por um computador e um aparelho de LED. Num primeiro momento, a composição pode parecer simples. Porém, vendo de perto, ele traz uma infinidade de dispositivos que podem ser criados pelos usuários. O LED se diferencia dos demais pelo fato de não trazer dispositivos virtuais já prontos. Segundo Matheus Ribeiro Castro, estudante do último semestre de mecatrônica envolvido no projeto, os games estimulam apenas as reações dos usuários. ;Nos jogos de computador, há uma lógica para mudar de fase, mas tudo pronto, com um final. No LED, a criança está o tempo todo criando momentos, atividades que expandem a criatividade. Até onde sabemos, não há nenhum outro brinquedo eletrônico que faça isso.;

Interação
No LED a criança tem a possibilidade de montar uma história animada, na qual ela cria todos os quadros e os monta como quiser. ;Tudo é feito, primeiro, no computador, por meio de um software desenvolvido por nós. Depois, com um cabo USB, a criança passa para sua criação pelo aparelho de LED;, explica Matheus. Entre outros dispositivos que o brinquedo traz, há a possibilidade de a criança interagir com outra a partir do aparelho de LED. Ela pode criar um quadro animado com dois aparelhos juntos. ;Num aparelho, ela cria um boneco chutando uma bola. No outro, o colega cria outro boneco recebendo a bola. Basta jogar no dispositivo a animação, e pronto: os bonecos estão batendo bola;, explica Matheus.

O engenheiro elétrico Vagner Gulim Damasceno, coordenador do projeto, afirma que o brinquedo eletrônico leva as crianças para perto dos conceitos primordiais da robótica. Segundo ele, o fato de o usuário precisar criar quadro a quadro uma história e colocá-la de maneira lógica no aparelho de LED estimula o conceito de programação. ;É o aprender sem querer;, afirma Damasceno. ;A programação é o cerne da robótica. A partir dela, conseguimos inserir ações nos dispositivos eletrônicos dos robôs;, explica.

Outro conceito passado pelo brinquedo é o da engenharia. A maneira como a criança precisa ;construir; os quadros a deixa familiarizada com conceitos do que é perpendicular, diagonal e paralelo. ;A criança cria um caminho para o carro seguir numa reta. De repente, ela muda esse trajeto para o alto. O brinquedo ensina que para o alto não pode e mostra o trajeto diagonal;, exemplifica o estudante de mecatrônica.

O Correio resolveu testar o LED e chamou Gabriel de Carvalho Viana, 7 anos, um garotinho que já zerou a maioria dos games que tem. Ao chegar ao laboratório da UnB, à primeira vista, Gabriel pareceu desconfiar dos resultados da brincadeira. À medida que Matheus explicava os dispositivos, o garoto se mostrava mais interessado. Quando viu a possibilidade de interação e as alternativas de criar animações, ele disse: ;Maneiro, posso fazer muito mais do que imaginava. Quero um desses na minha casa!”.

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