Agência France-Presse
postado em 17/11/2010 18:58
Paris - A erupção do Eyjafjoell, o vulcão da Islândia que atrapalhou voos de toda a Europa neste ano, seguiu-se a um longo e ameaçador aquecimento, no qual a montanha rugiu e os flancos gelados incharam, afirmaram cientistas nesta quarta-feira (17/11).Vulcanólogos dos Estados Unidos, Islândia, Suécia e Holanda utilizaram imagens por satélites e dados de Sistema de Posicionamento Global (GPS) para construir passo a passo a série de acontecimentos.
"Muitos meses de agitação precederam as erupções, com magma em movimento nos andares mais baixos dos canais e fazendo barulho na forma de terremotos", afirmou Kurt Feigl, professor de geociências na Universidade de Wisconsin, em Madison.
A erupção do Eyjafjoell - a primeira desde 1821/1823 - expeliu uma nuvem de cinzas que afetou mais de 100 mil voos e oito milhões de passageiros.
Em uma reportagem da revista científica britânica Nature, cientistas afirmaram que centralizaram sua atenção na metade de 2009, quando uma estação de GPS na parte sul do vulcão repentinamente apontou um movimento entre 10mm e 12mm.
Em janeiro, o vulcão estava sendo atingido por diversos episódios sísmicos por dia, sinalizando o fluxo de magma nas raízes. Eventualmente, os lados do vulcão incharam mais de 15cm antes da primeira erupção começar, em 20 de março.
Demorou quase um mês até o vulcão começar a desinchar, o que é uma surpresa, tendo em vista que os vulcões "encolhem", algo como um balão com um nó mal atado, enquanto a rocha derretida e os gases escapavam da abertura.
Em 14 de abril, após dois dias de calmaria, uma segunda erupção ocorreu, na qual a lava irrompeu através de um canal sobre o gelo no cume da montanha.
Isso causou uma reação "explosiva", enquanto a água virava um rio e o gás escapava de bolhas no magma.
O resultado foi uma grande nuvem de cinzas que atingiu nove mil metros, causando desespero a milhões de passageiros de aviões.
Os cientistas afirmaram não ter certeza porque o Eyjafjoell eclodiu naquela ocasião.
Uma das ideias é de que o magma invadiu o coração do vulcão através de uma rede de canais e câmaras.
"A explosão da erupção depende do tipo do magma, e o tipo do magma depende da profundidade de suas fontes", afirmou Feigl. "Estamos longe de ser capazes de prever erupções, mas se pudermos visualizar o magma enquanto se move dentro do vulcão, aumentaremos o conhecimento do processo da condição da atividade vulcânica".