postado em 06/01/2011 08:00
O desenho Os Jetsons, criado pelo estúdio norte-americano Hanna-Barbera entre 1962 e 1963, mostrava a visão de então de uma sociedade futurista do século 21, com a humanidade vivendo em casas espaciais e todo o transporte sendo feito por naves voadoras. Os cartunistas podem até ter exagerado, mas a realidade de morar no cosmos já existe, pelo menos para o grupo rotativo de astronautas que habita, durante seis meses, a Estação Espacial Internacional (ISS), megaprojeto internacional que constrói, desde 1994, o maior laboratório em órbita já feito pelas mãos humanas.
O projeto da Estação Espacial Internacional (ISS) começou bem antes de seu lançamento, em 1998. Na década de 1980, outras estações semelhantes já haviam sido construídas pela União Soviética e pelos EUA, como o Skylab-1, lançado pelos americanos, e a MIR, desenvolvida pelos soviéticos, em conjunto com o projeto Columbus, da Agência Espacial Europeia, e criada para ser um imenso laboratório para experiências em microgravidade e manutenção de satélites. ;Hoje, a Estação Espacial Internacional também tem a importante função de testar a resistência física e psicológica dos astronautas, que, no futuro, poderão ter que fazer viagens bem longas, como para Marte;, explica Maria Bogea Thomé, presidente no Brasil da National Space Society, organização internacional de fomento à pesquisa espacial.
Para a obra faraônica que se tornou a ISS, esforços das três agências espaciais não foram suficientes. Por isso, outros 12 países foram convidados a integrar o consórcio da estação. Japão e Canadá, que já possuíam, nos anos 1990, um programa espacial bem estruturado, e o Brasil, que teceu acordos com a Nasa, foram algumas das nações que aceitaram participar da empreitada, fornecendo peças e equipamentos, em troca de períodos de uso dos laboratórios em órbita.
Estruturada em módulos, a ISS é composta por um eixo central, onde ficam as áreas de uso comum da tripulação de astronautas-residentes e os sistemas de energia, navegação e comunicação que mantêm a estação em óbita. Além da área central, os principais países construtores possuem laboratórios acoplados a essa estrutura, como o Destiny, utilizado pelos americanos, e os Kibôs 1 e 2, enviados ao cosmos pela Jaxa, a agência espacial do Japão.
;Nos Kibôs, estamos conduzindo experimentos utilizando microgravidade na área da ciência dos materiais, ciências da vida e física, só para citar alguns;, explica o porta-voz da agência japonesa, Miwada Makoto. Algumas áreas da estação ainda não estão concluídas, como Nauka, que servirá para pesquisas executadas pela Rússia, e Leonardo, que servirá como depósito, aumentando a capacidade de abastecimento da ;casa;. Os dois módulos, que deverão ser lançados em fevereiro e em dezembro deste ano, completarão a obra de 13 anos que a ISS se tornou.
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Brasil
Apesar de ter sido a Estação Espacial Internacional o destino da Missão Centenário, que fez do tenente-coronel da Aeronáutica Marcos Pontes o primeiro astronauta brasileiro, em 2006, a participação do Brasil na construção da ISS não seguiu o caminho trilhado por seus idealizadores, em 1994. Depois de mais de 10 anos no projeto, a Agência Espacial Brasileira (AEB) não conseguiu fornecer nenhuma peça para a ISS, até que, em 27 de maio de 2007, o país saiu oficialmente do projeto.
Segundo o presidente da AEB, Carlos Ganem, a falha da participação do Brasil na ISS ocorreu por problemas na periodicidade em que os recursos para os projetos relacionados à Estação Espacial eram liberados. ;Quando se tem um gasto normal que precisa ser feito hoje, e um recurso para entrar na semana que vem, é possível pedir que os credores esperem. Já no espaço, não. Se um gasto precisa ser feito agora, não é possível pedir mais tempo;, justifica Ganem.
Apesar de alguns atrasos, saída de países e problemas no financiamento do principal laboratório no espaço, a ISS tornou-se um símbolo da consolidação da cooperação humana na exploração do cosmos.
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