postado em 08/01/2011 08:00
Há muitas décadas, neurocientistas do mundo inteiro se dedicam a desvendar os mistérios do cérebro. O comandante do sistema nervoso central, no entanto, ainda guarda infinitos segredos. Ainda sabe-se muito pouco sobre o órgão, como, por exemplo, que determinadas regiões são responsáveis pelo controle de sentidos, como a visão, a audição e o olfato e que outras áreas respondem pelos movimentos automáticos e pelas emoções. Em pleno século 21, pouco se conhece a respeito dos mecanismos que regem o pensamento, a memória e a consciência. Em um de seus artigos sobre os fatos e os enigmas da humanidade, o físico brasileiro Marcelo Gleiser reconhece que o cérebro desafia não apenas a medicina, mas todos os ramos da ciência.
Gleiser pondera que a compreensão do funcionamento de um único neurônio apresenta uma série de dificuldades, já que as células nervosas podem, aparentemente, tomar ;decisões;, resolvendo quando transmitir ou não um determinado impulso. ;Representações simplistas de um neurônio como um ente inerte que apenas dá passagem a sinais elétricos levam a modelos do cérebro que estão longe de corresponder ao seu funcionamento real;, especifica o cientista.
É sabido, porém, que essa porção do sistema nervoso central gera substâncias que agem diretamente tanto em suas próprias estruturas quanto em todos os outros órgãos. Em resumo, tudo em nosso corpo passa e depende dos comandos cerebrais. ;O cérebro tem células nervosas e produz hormônios importantes para a manutenção da vida. Podemos defini-lo como um regente. O coração, a respiração, o sistema nervoso autônomo ; que regula os processos internos do nosso organismo ;, tudo está sob o comando dele;, observa a neurologista Márcia Lorena Fagundes Chaves, membro do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia.
As estruturas presentes no cérebro estão ligadas por circuitos e conexões que formam pequenas ou extensas redes acionadas por estímulos internos ou externos. ;Quanto mais complexo é o estímulo, maior é o circuito acionado. Falar, por exemplo, é uma ação que movimenta várias áreas cerebrais. Até que o som saia da nossa boca, regiões da audição, do pensamento e memória, da movimentação da boca e outros sentidos são mobilizados em uma sequência. É fascinante;, considera a neurologista.
Exames
Inúmeros também são os problemas que podem atingir essa parte do sistema nervoso central. Para diagnosticar os distúrbios, os médicos se valem do exame neurológico, cujos principais componentes são a avaliação física e o histórico clínico do paciente. Especialistas ponderam que existe uma confusão bem comum na cabeça do público leigo. Uma análise neurológica diferencia-se de uma investigação psiquiátrica, já que essa última é baseada na avaliação do comportamento. Porém, os dois exames podem se sobrepor, porque um comportamento anormal gera, muitas vezes, alterações do estado físico do encéfalo. ;A maneira como a perturbação vai atingir a vida da pessoa depende da região e da extensão do dano no cérebro;, explica o professor do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Li Li-Mim.
Os distúrbios neurológicos tendem a causar dores nas costas, no pescoço e na cabeça, disfunções musculares, alteração na sensibilidade, problemas no sono e mudanças no estado de consciência. ;Em termos de prevalência de doenças neurológicas graves, a epilepsia é a mais comum. As síndromes demenciais, que afetam a memória e o pensamento, também estão ficando cada dia mais frequentes, devido ao aumento da expectativa de vida da população;, avalia Mim.
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