Ciência e Saúde

Astrônomos tiram foto da galáxia mais antiga do universo

Agência France-Presse
postado em 26/01/2011 16:00

Paris - Astrônomos afirmaram nesta quarta-feira (26/1) ter captado a imagem do que pode ser a galáxia mais antiga já vista, um conglomerado de estrelas que passou a existir quando o universo era apenas um bebê.

A minúscula mancha de luz, flagrada pelo telescópio orbital Hubble, levou 13,2 bilhões de anos para chegar à Terra, o que significa que a galáxia nasceu cerca de 480 milhões de anos após o "Big Bang" que criou o cosmos.

Segundo os cientistas, é provável que haja galáxias mais antigas lá fora, mas só serão detectadas com sensores de nova geração a bordo do sucessor do Hubble.

"Estamos nos aproximando muito das primeiras galáxias, as quais achamos que se formaram por volta de 200 a 300 milhões de anos após o Big Bang", disse Garth Illingworth, professor de astronomia e astrofísica da Universidade da Califórnia em Santa Cruz.

Astrônomos que medem a idade da luz estelar buscam algo chamado desvio do verleho: quanto mais a luz viaja, mais longo e mais vermelho é o seu comprimento de onda.

Assim, uma grande quantidade de desvio para o vermelho indica que o objeto é velho porque a luz que emitiu levou bilhões de anos para atravessar o universo.

A galáxia recém-encontrada, batizada de UDFj-39546824, foi achada em uma minúscula área do céu denominada Campo Ultra Profundo do Hubble durante 87 horas de varreduras em 2009 e 2010.

Seus descobridores calculam seu desvio para o vermelho em impressionantes 10,3, cifra que a torna muito mais velha do que o registro anterior existente de antiguidade de uma galáxia, de 8,6, anunciada por uma equipe internacional de cientistas em outubro passado.

"Este resultado está no limite das nossas capacidades, mas levamos meses fazendo testes para confirmá-lo, portanto agora nos sentimos muito confiantes", declarou Illingworth em um comunicado.

Para sua antiguidade, esta remota galáxia é pequena. A nossa Via Láctea, por exemplo, é 100 vezes maior.

As observações também encontraram outras três galáxias com desvios para o vermelho superiores a 8,3.

Segundo o estudo, colocadas juntas, estas descobertas sugerem que as galáxias passaram por uma mudança dramática entre 480 e 650 milhões de anos, depois do Big Bang.

Durante estes 170 milhões de anos, a taxa de nascimento estelar no universo aumentou dez vezes.

"Este é um aumento impressionante em um período tão curto, correspondente a apenas 1% da idade atual do universo", destacou Illingworth.

As estrelas e as galáxias se multiplicam e isto sustenta teorias de que a formação galáctica é forjada pela atração gravitacional de um elemento ainda pouco conhecido, a matéria negra.

As observações foram feitas com a nova Câmera de Campo de Visão Amplo 3, instalada no telescópio Hubble por astronautas da Nasa em missão celebrada em maio passado.

A Câmera de Campo de Visão Amplo aumentou em pelo menos 30 vezes a sensibilidade de desvio para o vermelho em comparação com o equipamento anterior do telescópio.

Mas um desvio para o vermelho de 10,3 provavelmente está no limite de sua sensibilidade. Para mergulhar ainda mais no tempo, os astrônomos precisarão do Telescópio Espacial James Webb, que a Nasa espera lançar em 2014.

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