Ciência e Saúde

Reaprender a inspirar e expirar combate desequilíbrios da vida moderna

Médicos acreditam que o processo instintivo de inspirar e expirar tem sido tão prejudicado pelas exigências da vida moderna que o desequilíbrio provocado por isso gera doenças que vão da hipertensão arterial à depressão

postado em 26/02/2011 08:00

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Inspiração e expiração. Basta viver para observar como o abdômen é estimulado, como o diafragma ; músculo que move o ar para dentro e para fora dos pulmões ; funciona. O processo instintivo que é aprendido ainda no ventre materno tem sido seriamente afetado pelas situações estressantes da vida contemporânea. A constatação vem de especialistas das medicinas oriental e ocidental, que são unânimes: ao longo da existência, as pessoas desaprendem a respirar e passam a não utilizar toda a capacidade pulmonar. A respiração lenta, ritmada e profunda é substituída pela respiração curta, fracionada, instável e inconstante, comprometendo negativamente todos os órgãos do corpo humano.

Há milhares de anos, a respiração correta é vista pelos orientais como uma base para a saúde física e emocional. No Ocidente, aos poucos, ciência e medicina desvendam os danos que a alteração respiratória traz ao corpo e à alma. Algumas pesquisas já sugerem que o desequilíbrio na entrada de oxigênio e na saída de gás carbônico desencadeia hipertensão, contribui para a ocorrência de acidentes vasculares cerebrais, diabetes e distúrbios psíquicos. Um estudo desenvolvido com ratos de laboratório na Universidade de São Paulo (USP) pelo farmacêutico Daniel Zoccal deu pistas claras do elo entre respiração e as funções cardiovasculares. Ao submeter os animais a uma situação semelhante à enfrentada por indivíduos que sofrem de apneia do sono ; interrupções frequentes da passagem de ar ;, o pesquisador constatou o aumento da pressão sanguínea nas cobaias.

A inspiração é um processo ativo, porque mexe com os músculos do diafragma. A expiração, ao contrário, é passiva. Nos ratos do experimento, a expiração passou a ser ativa, ou seja, houve contração de músculos do abdômen. Essa mudança nos padrões repercutiu no sistema cardiovascular. ;Como resultado, os neurônios respiratórios passaram a dar um estímulo extra aos cardioavasculares, o que provocou a redução no diâmetro do vasos sanguíneos. A consequência é a hipertensão arterial;, detalha. Mas, e nos seres humanos, pode ocorrer o mesmo? O pesquisador, que é especialista em fisiologia, acredita que sim. ;Se olharmos para o contexto da apneia obstrutiva do sono, não tenho dúvidas;, diz.

A nutricionista Maria Flávia Giussani, 22 anos, encontrou na ioga o caminho para transformar inspiração e expiração em um processo consciente. ;Era extremamente ansiosa. A respiração pausada e ritmada que aprendi com a prática me trouxe concentração, calma para enfrentar o dia a dia. Desde então, corpo e mente entraram em harmonia;, conta.

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