Ciência e Saúde

UnB lança calendário com fotos de pássaros que vivem no câmpus

Imagens são acompanhadas por poemas de professores da instituição de ensino

postado em 12/03/2011 07:00
Não é difícil perceber que a Universidade de Brasília (UnB) recebe muito mais do que alunos e professores dispostos a trocar experiências e adquirir conhecimento. Um olhar mais atento e lá estão elas: as aves do cerrado, com seus cantos melodiosos e voos rasantes pelo câmpus, espaço que já ocupavam quando a capital era apenas um punhado de rabiscos nos papéis de Lucio Costa. Neste ano, são elas as homenageadas na terceira edição do calendário da instituição de ensino, que reúne 13 fotos acompanhadas de poemas feitos por professores.

A coordenadora da iniciativa, Iêda Villela, diz que a ideia de ilustrar o calendário com fotos dos pássaros surgiu da vontade de valorizar os profissionais e artistas da UnB. ;Sempre procuramos pôr em evidência o trabalho de pessoas daqui e mostrar nossa beleza interna. Neste ano, escolhemos os pássaros, que estão aqui há anos e são muito bonitos;, explica. O primeiro calendário, de 2009, trazia fotos produzidas por alunos, e o do ano passado era composto por ilustrações científicas feitas por profissionais da universidade. As imagens da peça de 2011 foram todas produzidas pelo biólogo Sandro Barata na época em que ele era estudante de graduação da instituição.

Barata conta que as imagens são fruto da paixão que ele sente pelas aves silvestres. ;Logo no primeiro semestre como aluno, eu me identifiquei muito com o estilo das aves silvestres e quis ligar isso à graduação. Ao longo do curso inteiro, fotografei os pássaros do câmpus;, lembra o fotógrafo, que se diz muito feliz por poder mostrar agora parte de sua produção.

Segundo ele, o critério para definir quais animais ilustrariam o calendário foi simplesmente o da beleza das imagens. ;Não tivemos um método fixo. Primamos pelas fotos mais belas e que trariam uma harmonia para o calendário.; O resultado é um conjunto de aves como a tesourinha, o sabiá-laranjeira, o beija-flor-tesoura, o joão-de-barro e o bem-te-vi, flagrados enquanto voavam, buscavam alimento ou descansavam. Na capa, um pássaro em risco de extinção que impressiona por seu amarelo intenso: a arara-canindé.

[FOTO2]Palavras
Cada uma das imagens é acompanhada de um trecho de poema escrito por um professor ou ex-professor da UnB. A seleção conta com trechos de obras do saudoso escritor Cassiano Nunes, morto em 2007 ; ;Antes pertenço / à espécie dos pássaros, / que se embriagam de amplidões; ;, e dos irmãos compositores Clodo e Climério Ferreira. Os três são ex-mestres da instituição. ;Canta o passarinho / Canta o bem-te-vi / Onde a laranjeira brota / E a noite vai dormir;, escreveu Clodo.

Coube ao jornalista e professor Luiz Martins coordenar a seleção e revisar os versos que integram o calendário. São dele também as palavras que abrem a obra (leia ao lado). ;O câmpus é como um parque e, assim como os pássaros frequentam o câmpus, também o fazem poetas que cantam esses seres e que são professores da UnB. Os versos servem para fazer um gancho entre o canto dos pássaros e o canto dos poetas;, diz.

Martins ressalta que nenhum poema foi escrito especialmente para o projeto. Todos já existiam. E isso, na sua opinião, não ocorreu por acaso, pois todo poeta gosta de ;cantar; sobre os pássaros. ;Poetas gostam de escrever sobre a natureza. Examinando a produção de cada professor, descobri o enorme acervo de imaginário sobre pássaros. Bastou combinarmos texto e imagem.;

Aves urbanas
Brasília é uma cidade privilegiada em termos de observação de pássaros. Segundo levantamento feito pela estudante de biologia da UnB Fernanda Ramos, cerca de 25% das 450 espécies de aves já mapeadas em todo o Distrito Federal podem ser observadas no perímetro urbano da capital, principalmente no Parque da Cidade e no Parque Olhos D;água. Segundo o orientador do projeto de iniciação científica da estudante, o professor Roberto Cavalcanti, as áreas urbanas são importantes para grande parte da avifauna do cerrado. ;Investir na conservação das árvores da área urbana é uma forma de investir na conservação das aves;, alerta, em entrevista à UnB Agência. Para quem quiser aproveitar o espetáculo das aves nos parques da cidade, a dica é visitar os locais durante o nascer e o pôr do sol. Um binóculo ajuda a deixar o programa ainda mais proveitoso.

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