postado em 15/03/2011 07:18
Se é necessária, indolor e ainda faz bem para a saúde, é melhor não hesitar em submeter-se à colonoscopia. O exame, que pode detectar doenças no intestino grosso, é prescrito ; quando não há sintomas ; para todos os maiores de 50 anos. O procedimento é tão importante que, no caso de um câncer, por exemplo, se for descoberto em estágio inicial, em alguns casos o paciente nem precisa de quimioterapia. Para que deixar para amanhã uma dúvida que pode ser respondida logo? Afinal, com saúde não se brinca. O proctologista do Hospital Anchieta Elias Couto explica que não há motivo para ter medo, pois o exame é muito simples. Segundo ele, um equipamento denominado videocolonoscópio é introduzido pelo ânus para captar imagens do intestino grosso. ;Essas imagens de alta definição são ampliadas e permitem a documentação por meio de fotografias ou vídeos;, esclarece. Apesar de parecer desconfortável, porém, o procedimento não dói. ;Ele é feito sob sedação intravenosa e controle dos sinais vitais;, complementa. Os medicamentos administrados causam amnésia temporária nas pessoas e isso elimina um eventual desconforto abdominal ; ou seja, o paciente não se recorda do exame alguns momentos após tê-lo feito.
Durante a avaliação, o médico poderá realizar procedimentos como uma biópsia para colher fragmentos da mucosa intestinal; uma polipectomia, que é a retirada de pólipos que podem evoluir para um câncer; ou aplicar medicamentos e fazer cauterizações. De acordo com Couto, o exame é importante para fazer a prevenção do câncer colorretal em pacientes com ou sem sintomas da doença e na investigação e controle de doenças inflamatórias e infecciosas. ;Detecta também os motivos dos distúrbios da motilidade intestinal ; como constipação crônica ;, da síndrome do intestino irritável e da diverticulose colônica;, ressalta.
[SAIBAMAIS]Por sentir muitas cólicas e precisar realizar um pré-operatório para a retirada de um mioma, Sandra Mara Trindade, 50 anos, fez a colonoscopia há dois. Para ela, o pior foi a preparação para o exame. Como o intestino precisa estar totalmente limpo, no dia anterior o paciente não pode comer nada e precisa tomar laxantes administrados pelos médicos. ;O remédio era um líquido com gosto ruim e ficar sem comer não foi legal;, reclama. No entanto, o procedimento em si não foi um problema para Sandra. ;Mas a gente dorme, não vê nada;, descreve. O resultado do exame foi satisfatório: a funcionária pública não tinha nenhum problema.
Doença ;muda;
Segundo o proctologista, coordenador do programa de residência médica em Colo-Proctologia do Hospital de Base do DF e sócio-fundador da Associação Brasileira de Prevenção do Câncer Colorretal (Abrapreci), Fernando Lyrio, o câncer colorretal é encarado como uma doença ;muda;: só apresenta sintomas quando já está em fase avançada e, muitas vezes, as formas de tratamento disponíveis já mostram-se ineficazes. ;Nossa grande chance de prevenção é a colonoscopia. Ela deve ser realizada em todos os pacientes que apresentem sintomas digestivos importantes;, aconselha. Esses sintomas são sangramento retal, fezes enegrecidas, intestino preso, diarreias frequentes, perda de peso sem causa detectável, distensão abdominal frequente com gases, flatulência fétida, eliminação de muco (catarro) nas fezes, sensação de querer evacuar constantemente.
Estão também no grupo de risco, de acordo com Lyrio, as pessoas com histórico de câncer no intestino na família. O médico cita que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que todas as pessoas, a partir dos 50 anos, façam a colonoscopia de prevenção a cada cinco anos, embora as sociedades de colo-proctologia mundiais já orientem a realização a cada três ; e a partir dos 40 anos. ;Isso porque sabemos que o câncer colorretal, na sua grande maioria, se origina de pequenos pólipos intestinais, e eles demoram de três a 20 anos para se transformarem em um câncer;, esclarece. Lyrio destaca que 98% do câncer intestinal surge dessa forma. O restante já aparece como um câncer agressivo. ;É muito importante que a presença de sintomas, por si só, seja um alerta. Mesmo assim, a tendência é necessidade de prevenção mais efetiva do câncer colorretal, indicando a colonoscopia para todos os pacientes com sintomas relevantes;, acredita.
Com Herculano Vicente de Paula, 60 anos, a prescrição veio na hora certa. Sentindo muitos desconfortos na região abdominal e digestão lenta, procurou orientação e soube que precisaria fazer a colonoscopia. ;Quando eu comia, parecia que ficava uma bola na minha barriga e aquilo ficava ali quase o dia todo;, recorda. Ao realizar o exame, o funcionário público descobriu que estava com um nódulo no intestino grosso que obstruía o órgão, motivo da digestão lenta e da prisão de ventre. ;Fiquei um pouco assustado, mas fiz a cirurgia. Retirei 19cm do intestino e nem precisei fazer quimioterapia;, comemora. Hoje, ele se diz aliviado por ter feito o exame e, sempre que pode, aconselha os amigos a fazerem também. ;Tem que se cuidar, investigar qualquer sintoma, só assim se evita a doença;, acredita.
O médico Fernando Lyrio afirma que atualmente se sabe que, além das características genéticas, os fatores alimentares estão muito relacionados com o desenvolvimento do câncer colorretal. Por isso, ele acredita que as pessoas devem ingerir grande quantidade de fibras e de líquidos, praticar atividade física, evitar gorduras, condimentos, produtos industrializados, corantes, conservantes e, sobretudo, fast food e carnes vermelhas processadas.