Nayara Menezes
postado em 07/04/2011 07:00
Belo Horizonte ; Um inimigo invisível a olho nu, mas que pode causar sérios danos à saúde e até levar à morte, é o alvo de uma campanha lançada hoje, Dia Mundial de Saúde. Considerada um dos maiores desafios da saúde global, a infecção hospitalar atinge cerca de 15% das pessoas internadas no Brasil. A Organização Mundial de Saúde (OMS), patrocinadora do debate sobre o problema em todo o planeta, preconiza que o índice seja inferior a 5%, portanto, no país, há muito o que ser feito. No ano passado, foram realizadas 11 milhões de internações no país e quase 4 milhões de cirurgias e transplante de órgãos. Todos considerados procedimentos invasivos e terreno propício às oportunistas infecções. Entre os agentes causadores, estão micro-organismos como bactérias, vírus, fungos e parasitas, quase sempre muito resistentes e que representam verdadeiro perigo para pacientes que geralmente estão com a imunidade fragilizada. Apesar de difícil combate, segundo especialistas, a proliferação das bactérias poderia ser contida com simples cuidados que têm potencial para reduzir em até 70% o índice de contaminação, como a básica higienização das mãos. Esse procedimento deveria ser adotado pelos profissionais e também pelos visitantes dos pacientes. No entanto, a adesão ao hábito por quem trabalha em postos de saúde, laboratórios e hospitais ainda é muito pequena. Pesquisa recente divulgada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) revela que mais de 60% de médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de saúde não lavam as mãos com a frequência adequada.
De acordo com a agência, as principais fontes de infecções estão associadas à quebra dessas técnicas de higienização dos profissionais, da limpeza da pele do paciente e dos instrumentais hospitalares. Para prevenir o problema, a Anvisa vem adotando medidas para monitorar a resistência microbiana em serviços de saúde. Estudos internacionais revelam que a existência de um programa de controle de infecção hospitalar em hospitais e clínicas reduz em 30% a incidência dos agravos.
São consideradas infecções hospitalares aquelas que geram sintomas nos pacientes dias depois de um período de internação. Porém, os micro-organismos causadores do problema não são encontrados exclusivamente nos hospitais, como explica o presidente da Sociedade Mineira de Controle Hospitalar, o médico Mozar de Castro. Segundo ele, as mesmas bactérias que habitam salas de exames, quartos de doentes e blocos cirúrgicos são encontradas em outros ambientes. ;A diferença é que elas são mais resistentes, já que têm um arsenal genético preparado para sobreviver em meios diversos. Por isso, os antibióticos têm mais dificuldade de matá-las;, explica.
Na mesma linha de pensamento, a infectologista Maria Claudia Stockler Medeiros, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), alerta para o uso indiscriminado de antibióticos, que, segundo ela, contribuem para o surgimento de bactérias mais fortes. Por isso, sugere que, em qualquer quadro infeccioso, a pessoa procure orientação profissional. ;Só o médico saberá qual é o antibiótico adequado para aquele tipo de bactéria e o tempo necessário de tratamento.;
Em cada estado, as vigilâncias sanitárias estaduais e municipais são as responsáveis pela vistoria e fiscalização dos estabelecimentos de saúde. Qualquer local que faça procedimentos invasivos deve ser inspecionado pelos órgãos. Segundo a gerente de Vigilância Sanitária de Belo Horizonte, Mara Corradi, são checados em uma vistoria quase 2 mil fatores, que vão desde a limpeza do local até a forma como os instrumentos de manipulação cirúrgica são lavados, esterilizados e embalados. Além dos setores do hospital, como pronto-socorro, bloco cirúrgico e ala de internação, são fiscalizados também a lavanderia, a cozinha, a lanchonete e todos os locais que possam servir de porta de entrada para bactérias.
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