Ciência e Saúde

Hospital faz estudo inédito sobre vacinação para prevenção contra HPV

postado em 11/04/2011 10:40
O Hospital de Câncer de Barretos prepara a sequência do estudo inédito sobre vacinação para prevenção contra o HPV. Nessa segunda fase, que começa hoje, serão vacinadas cerca de 1000 meninas matriculadas nos 6; e 7; anos do ensino fundamental de 11 escolas estaduais do município de Barretos. Todas as alunas vão receber gratuitamente a vacina quadrivalente contra o HPV, a única que protege contra os quatro tipos mais prevalentes do vírus - dois deles são oncogênicos, ou seja, podem causar câncer, e os outros dois são responsáveis por 90% dos casos de verrugas genitais.

Antes de serem vacinadas, as meninas passam por um questionário e devem ter autorização prévia dos pais. A primeira dose ocorrerá em abril e as próximas serão em junho e outubro. O vírus HPV é transmitido, principalmente, por meio de relações sexuais e pode causar verrugas na região dos genitais e também o câncer no colo do útero. Cerca de vinte mil mulheres brasileiras têm o diagnóstico da doença todos os anos, no Brasil.

A primeira fase começou em setembro de 2010 com a aplicação da primeira dose em cerca de 600 alunas. Esta primeira etapa terminou em março desse ano e contou com o trabalho da equipe do Hospital de Câncer de Barretos, dentro de oito colégios, seis particulares e dois municipais. Dois meses antes do início da vacinação, profissionais de saúde abordaram a prevenção da doença, formas de contágio, consequências epidemiológicas (retransmissão do vírus via relação sexual) e a iniciativa da vacinação gratuita. O estudo avalia a aceitação de um programa de vacinação realizado no ambiente escolar. Também avalia o conhecimento das questões ligadas ao HPV, a eficácia dos métodos de divulgação do programa e sua influência nas mães das meninas vacinadas. Os resultados obtidos em Barretos poderão ser replicáveis em 80% dos municípios brasileiros, pois eles têm as mesmas características populacionais.

Todos os anos, ao redor do planeta, cerca de 540 mil mulheres são diagnosticadas com câncer de colo do útero e cerca de 250 mil morrem vítimas da doença. Com o programa de vacinação contra o HPV aliado à mais a alta cobertura de Papanicolau deste município, em torno de 65%, que é um índice comparado ao da Finlândia, um dos mais altos do mundo, acredita-se que, em dez anos, o câncer de colo do útero poderá ser praticamente erradicado em Barretos.

Realizada em parceria com as secretarias municipais de Saúde e de Educação de Barretos e a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, a campanha é feita por uma equipe do hospital dentro das escolas. A MSD, laboratório fabricante, doou 6.000 mil doses da vacina para o hospital. Para a completa imunização são necessárias três e no Brasil, a vacina está aprovada pelo Ministério da Saúde para ser utilizada em mulheres de 9 a 26 anos.

José Humberto Tavares Guerreiro Fregnani, coordenador do Departamento de Ginecologia Oncológica do Hospital de Câncer de Barretos e do projeto da vacinação, explica que o projeto também é uma forma de popularizar a vacina.

; O estudo é um projeto pioneiro no Brasil e tem o objetivo de avaliar a melhor forma de oferecer a vacina contra o HPV para a população brasileira. Acreditamos que disseminando a cultura da vacinação por meio das escolas, poderemos cumprir as metas de sua aplicação de uma forma mais efetiva ; diz.

A primeira fase da campanha realizada em estudantes de escolas municipais e particulares de Barretos foi um sucesso com adesão superior a 85% O médico lembra que, mesmo imunizadas, as adolescentes devem usar camisinha para se proteger de outras doenças sexualmente transmissíveis e não devem deixar de realizar o exame de Papanicolaou regularmente.

O estudo clínico é o primeiro estritamente brasileiro relacionado à vacinação contra o HPV e visa apontar se o modelo da implementação da vacina nas escolas é eficaz.

; Estima-se que em países onde a vacina é disponibilizada nos postos de saúde, a adesão das meninas e adolescentes fique entre 20% e 30%. Em projetos como na Austrália, onde a vacinação ocorre nas escolas e a vacina quadrivalente é disponibilizada na rede pública, a taxa é superior a 80% ; reitera o médico.

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