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Ciência e Saúde

Astrônomos descobrem conjunto de planetas sem estrela

Quinze anos atrás, os astrônomos nem sabiam da existência dos exoplanetas, aqueles que se encontram fora do Sistema Solar. Nesse meio tempo, centenas deles foram detectados, mudando muito o conhecimento sobre os ;habitantes; do Universo. Agora, mais uma classe desses corpos foi encontrada. Existe um grupo de 10 objetos que flutuam, sozinhos, pelo cosmos. Ao contrário da maioria dos planetas, eles são independentes e não orbitam uma estrela. Sua descoberta é descrita por um grupo internacional de astrônomos na edição de hoje da revista Nature. O achado pode ajudar os cientistas a entender melhor como os sistemas planetários se formam e evoluem.

Os 10 planetas flutuantes estão a milhares de anos-luz do centro da Via Láctea e apontam para a direção da Constelação de Sagitário. Suas massas e composições provavelmente equivalem às de Júpiter e de Saturno, contendo principalmente hidrogênio e hélio. Segundo Daniel Bennett, astrônomo da Universidade de Notre Dame, esses planetas devem, originalmente, ter se formado perto de suas estrelas mas, durante a consolidação do sistema planetário, foram expulsos. A distância dos objetos em relação à estrela mais próxima é cerca de 10 vezes maior do que a verificada entre a Terra e o Sol. Provavelmente, eles foram banidos do sistema planetário onde surgiram porque sua força gravitacional estava interferindo na órbita dos outros.

Para Bennett, o número de planetas flutuantes pode ser muito maior do que o identificado. ;Nossa pesquisa é como um censo da população ; nós estudamos apenas uma parte da galáxia;, disse. ;A nossa metodologia não consegue identificar planetas mais massivos do que Júpiter e Saturno, mas as teorias sugerem que corpos como a Terra, de massa menor, devem ser expulsos de suas estrelas com mais frequência.; Ele explicou que estar sozinho no espaço frio e sem qualquer fonte externa de energia é uma condição improvável para abrigar vida.

;As implicações dessa descoberta são profundas;, disse o astrônomo Joachim Wambsganns, em um comentário publicado na Nature. ;Temos o primeiro vislumbre sobre uma nova população de objetos com massa planetária na nossa galáxia. Agora, precisamos explorar suas propriedades, dinâmica, distribuição e história. Explorar corpos flutuantes vai abrir um novo capítulo na história da Via Láctea;, acrescentou.