Ciência e Saúde

Mostra traz réplicas de esqueletos de dinossauros que habitaram a Argentina

postado em 08/06/2011 09:15
Entre a extinção dos dinossauros e o surgimento do primeiro ser humano, passaram-se cerca de 150 milhões de anos. Talvez por essa longa separação histórica, esses répteis fascinam tanto a humanidade desde o século 18, quando os primeiros fósseis de dinos começaram a ser descritos. Para quem faz parte do clube dos curiosos por essa forma de vida, extinta há mais de 65 milhões de anos, estreia hoje em Brasília a exposição Dinossauros da Patagônia, composta por réplicas de esqueletos em tamanho natural de 10 desses animais.

Os esqueletos são cópias fiéis de esqueletos expostos no Museu Paleontológico Egídio Feruglio, em Trelew, no sudeste da Argentina. Eles mostram a estrutura de animais que habitaram, durante os Períodos Cretáceo, Jurássico e Triássico, uma região onde fica parte da América do Sul. ;O relevo da Argentina possibilitou que a região se tornasse bastante rica em fósseis, a maioria com mais de 80% dos esqueletos completos, uma raridade em qualquer lugar do mundo;, afirma Claudio Nathan, curador da exposição. ;Lá, a combinação de relevo extremamente plano, clima frio, e ventos fortes durante todo ano permitiu que camadas muito homogêneas se formassem no solo, preservado as espécies;, completa.

A exposição, que fica aberta até 17 de julho na praça central do ParkShopping, promete oferecer uma viagem em mais de 150 milhões de anos de história, período compreendido entre as espécies mais antigas e as mais recentes em exposição. ;Há animais de poucos centímetros que viveram há mais de 230 milhões de anos e outros gigantescos, que passaram por aqui há 65 milhões de anos;, afirma o museólogo argentino. ;A exibição oferece um panorama interessante sobre como dinossauros partiram de animais pequenos e evoluíram para espécies gigantescas, antes de sua extinção.;

As mais de 1,5 mil peças que compõem as cópias já viajaram uma distância muito maior que qualquer dinossauro de verdade jamais conseguiu percorrer. A exposição já esteve em países como Portugal, Espanha, Áustria, Alemanha e Eslováquia. No Brasil, a capital federal é a terceira parada dos dinos, que já foram vistos em São Paulo e Ribeirão Preto (SP). Para serem totalmente montados, são necessários cerca de 10 dias de trabalho, realizado por uma equipe de 10 pessoas.

Segundo Nathan, a ideia da mostra surgiu da necessidade de captar mais recursos para a pesquisa arqueológica argentina. ;É muito caro fazer esse tipo de estudo. Da descoberta de uma espécie até a retirada da terra e o tratamento são mais de sete anos;, conta o especialista. Os recursos obtidos com a exposição já permitiram a descoberta de três ossadas novas. ;Isso é muito pouco. Estima-se que apenas 10% do material arqueológico da Patagônia já tenha sido descoberto;, emenda.

Interesse despertado
Para a pesquisadora do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (UnB) Maria Júlia Chelini, a exposição pode ser uma oportunidade para despertar o interesse pela ciência, especialmente nas crianças e adolescentes. ;Não há criança que não seja fascinada por dinossauros. E essa é uma oportunidade muito interessante de aprender mais sobre essa área da ciência, especialmente em Brasília, uma cidade carente de museus científicos;, opina a especialista, que dirige o Museu de Geociências da UnB.

De acordo com ela, iniciativas como essa, que levam conteúdos normalmente restritos a espaços culturais para locais com alto trânsito de pessoas, como um shopping center, é uma forma de despertar o interesse das pessoas pelos museus. Um estudo feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) divulgado no ano passado mostra que apenas 8% dos brasileiros foram a um museu pelo menos uma vez na vida. ;Iniciativas como essa mostram para as pessoas que museu é um lugar legal, que pode ter coisas interessantes e bonitas, e não apenas coisas velhas, como muita gente pensa;, completa a pesquisadora.

Dinossauros da Patagônia

Local: Praça Central do ParkShopping.
Data: 8 de junho a 17 de julho
Horários: De segunda a sábado, das 10h às 22h, e domingo, das 12h às 20h
Classificação indicativa: livre
Entrada franca

As estrelas da mostra

Conheça algumas espécies que estão na exposição

Eoraptor
Significado do nome: bandoleiro do amanhecer
Quando viveu: há 231 milhões de anos, no Período Triássico
Alimentação: onívoro
Características: pequeno, media cerca de 1m de comprimento e pesava 10kg. Como se equilibrava apenas sobre os membros traseiros, podia correr rapidamente
Descoberta: Em 1991, pelo pesquisador Ricardo Martínez, da Universidade de San Juan

Herasauros
Significado do nome: lagarto de Herrera, em referência ao fazendeiro que descobriu os primeiros exemplares
Quando viveu: há 231 milhões de anos, no período Triássico
Alimentação: carnívoro
Características: era bípede, possuía uma longa cauda e uma cabeça relativamente pequena. Seu comprimento é estimado entre 3m e 6m
Descoberta: foi descrito pela primeira vez em 1963 por Osvaldo Reig, da Universidade de La Plata. O primeiro esqueleto completo só foi achado em 1988

Piatnitzkysaurus
Significado do nome: é uma homenagem ao russo Alejandro Piatnitzky, que o descobriu
Quando viveu: há cerca de 170 milhões de anos, no Jurássico Médio
Alimentação: carnívoro
Características: acredita-se que se tratava de um bípede de tamanho médio. Media 4,3m de comprimento e pesava cerca de 450kg
Descoberta: apesar de ter sido descoberto por Piatnitzky, só foi descrito completamente por José Bonaparte em 1979

Giganotasauros
Significado do nome: lagarto gigante do sul, em função de seu tamanho, ligeiramente maior que o célebre Tiranosauro
Quando viveu: Há 97 milhões de anos, no Cretáceo Superior
Alimentação: carnívoro
Características: foi o maior dinossauro carnívoro do mundo. Media cerca de 13m de comprimento e pesava em torno de 13t
Descoberta: foi nomeado por Ruben Carolini, caçador de fósseis que, em 1993, descobriu os ossos em depósitos da Patagônia

Titanosauros
Significado do nome: réptil titânico, devido à sua forte estrutura
Quando viveu: há 85 milhões de anos, no Período Cretáceo
Alimentação: herbívoro
Características: media cerca de 12m e pesava aproximadamente 9t.Uma de suas características mais marcantes era a presença de placas ósseas em sua pele
Descoberta: descrito pela primeira vez em 1877 por Richard Lydekker

Fonte: dinodatabase.com

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