Ciência e Saúde

ONU defende erradicação da Aids em dez anos

Agência France-Presse
postado em 08/06/2011 20:23
NOVA IORQUE - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, estabeleceu nesta quarta-feira um prazo de dez anos para erradicar a Aids do mundo e pediu audácia para cumprir esse objetivo, na jornada inicial de reuniões das Nações Unidas dedicadas a essa enfermidade. "Hoje nos reunimos para dar fim a Aids. Esse é o nosso objetivo: o fim da Aids em 10 anos, com zero novas infecções, zero traumatismos e zero mortes ligadas à Aids", disse Ban Ki-moon aos chefes de Estado e ministros presentes na primeira jornada de reuniões de três dias.

Contudo, se quisermos liquidar a Aids dos livros de história, teremos que ser ousados", advertiu o secretário-geral na sede da ONU em Nova York.

O presidente americano, Barack Obama - que não participará da reunião - pediu por meio de nota que mais governos se comprometam na luta contra a Aids e coordenem de maneira mais eficiente seus esforços. "Nenhum país pode fazer isso sozinho. Juntos, podemos tentar cumprir com nossas responsabilidades de maneira compartilhada. Juntos, podemos chegar a um mundo sem Aids", afirmou Obama em um comunicado.

Celebrada por ocasião do 30; aniversário da descoberta da Aids, a reunião tem por objetivo redefinir os compromissos da comunidade internacional contra a epidemia. Apesar dos progressos registrados nos países mais pobres, todos os dias são contaminadas 7 mil pessoas no mundo.

Em seu discurso, Ban Ki-moon afirmou que outro dos objetivos principais da cúpula é o acesso ao tratamento para todos os enfermos e insistiu na necessidade da utilização das campanhas de comunicação para que o mundo inteiro tenha acesso às informações sobre o assunto. Por sua parte, o presidente da Assembleia Geral da ONU, Joseph Deiss, afirmou que o número de enfermos tratados multiplicou por dez nos últimos cinco anos, apesar de ainda existirem "dez milhões de pessoas que não têm acesso aos medicamentos necessários".

Em uma das primeiras intervenções latino-americanas, o vice-presidente da Guatemala, Rafael Espada, felicitou a ação da ONU que, segundo ele, "compreendeu logo de início que uma ameaça global exigia resposta global". "A parte mais importante e mais estrutural de nossas políticas é a prevenção, que é trazida por um bom sistema educativo e por uma boa visão de Estado, além de uma visão humana, política, social, científica e responsável que se aplique a todos", disse.

Segundo cifras da ONU, a epidemia de Aids tem se estabilizado na América Latina, "com poucas mudanças nos últimos anos" e uma leve queda no número de pessoas infectadas em 2009 (92.000) em comparação com 2001 (99.000). De acordo com o informe global da ONU, um terço das pessoas contaminadas com a doença na América Latina se encontra no Brasil, onde "os permanentes esforços de prevenção e tratamento do HIV têm contido a epidemia".

Nesse sentido, o ministro da saúde do México, José Córdova Villalobos, destacou que "é preciso reduzir os custos de produção e o preço de venda dos tratamentos retrovirais nos países de baixa e média renda".

O vice-ministro da saúde do Paraguai, Edgar Giménez, falou pelos países da Unasul (União das Nações Sul-americanas) e reconheceu que o problema da Aids "vai além do setor de saúde e afeta toda a sociedade". "Os países da Unasul estão convocados para redobrar sua ação e para enfrentar a epidemia", afirmou Giménez, recordando que os segmentos da população mais vulneráveis à enfermidade na região "são os homossexuais, os homens e mulheres que praticam a prostituição e as pessoas que se injetam drogas".

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