postado em 17/07/2011 17:39
Rio de Janeiro - Embora o artesanato em capim dourado da região do Jalapão, no estado do Tocantins, seja o primeiro a receber a certificação de indicação geográfica do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), aprovada esta semana, o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) defende a necessidade de uma política pública que proteja a matéria-prima (capim dourado) com reforço da fiscalização.O ISPN apoia o manejo do capim dourado junto com outras espécies vegetais, em parceria com a organização não governamental (ONG) Pesquisa e Conservação do Cerrado (Pequi), que se dedica à realização de pesquisas sobre a região, além de organizar e participar de movimentos pela conservação do bioma do Jalapão.
A assessora técnica do ISPN, Isabel Figueiredo, disse que apesar de existir uma portaria regional que dá as diretrizes para a colheita do capim dourado, a fiscalização ainda é deficiente. ;A portaria já foi um avanço;, declarou.
A portaria determina que o início da colheita do capim dourado seja feito anualmente no dia 20 de setembro. O que ocorre, porém, segundo Isabel Figueiredo, é que a matéria-prima acaba sendo colhida nos primeiros dias desse mês por pessoas que vêm, inclusive, de outros estados e retiram da região produto in natura, isto é, sem ser transformado em artesanato. O quilo do capim dourado tem valor estimado de R$ 80.
Ela defendeu o estabelecimento de uma política pública estadual ;mais completa e mais complexa;, para inibir essa forma de ;contrabando; da matéria-prima, que prejudica os artesãos do Jalapão e a economia do estado. Segundo a assessora do ISPN, o material acaba indo para cidades como Brasília, Palmas, Salvador e São Paulo, onde é transformado em artesanato. ;Tem um comércio, que é meio obscuro, de matéria-prima;. De acordo com a legislação vigente, o artesanato deve sair pronto do Jalapão, para valorizar o trabalho dos artesãos e gerar renda para as comunidades locais.
Isabel Figueiredo ressaltou que se o Tocantins estabelecer uma política pública para o capim dourado, tornar-se-á pioneiro no país. ;Porque tem uma das matérias-primas mais caras do Brasil, um dos produtos não madeireiros nativos mais valorizados. E poderia ser um exemplo para outros estados;.
O ISPN gerencia o Programa de Pequenos Projetos Ecossociais, do Fundo para o Meio Ambiente Internacional, da Organização das Nações Unidas, que já apoiou vários projetos na região do Jalapão. Entre eles estão incluídos projetos comunitários para melhoria das associações de artesãos e projetos da Pequi sobre pesquisas para o manejo do capim dourado.
Isabel Figueiredo disse ainda que, com o desdobramento das atividades, foram lançadas cartilhas de manejo não só do capim dourado, como do pequi, umbu, coquinho azedo, mangaba, entre outras espécies. ;Esse material foi muito divulgado no Jalapão, porque tem várias comunidades que estão começando a fazer artesanato com capim dourado agora;.