Ciência e Saúde

Terapias contra Aids permitem expectativa de vida quase normal na África

Agência France-Presse
postado em 18/07/2011 19:42
ROMA - Os pacientes soropositivos da África que receberam um tratamento combinado de antirretrovirais têm expectativa de vida quase normal, particularmente se mulheres, segundo estudo publicado na revista Annals of Internal Medicine. A pesquisa, a primeira conduzida em grande escala em pacientes recebendo o tratamento, foi realizada por equipe do Centro de Excelência em Aids da Columbia britânica e pelas Universidades de Ottawa e Columbia Britânica.

Os resultados diferem, no entanto, amplamente, segundo os subgrupos de pacientes: as mulheres têm uma expectativa de vida mais significativa que os homens. Além disso, o fato de receber um tratamento logo após a infecção acarreta maior esperança de vida. "Isso demonstra que receber diagnóstico e tratamento da infecção do HIV em regiões de recursos limitados não significa uma sentença de morte", informou Edward Mills, da Universidade de Ottawa, principal autor do estudo.

A pesquisa foi realizada em Uganda, mas segundo os autores, reflete a situação em outras regiões da África, onde está disponível o tratamento combinado do HIV. Os cientistas acompanharam 22.315 pessoas de mais de 14 anos, que começaram o tratamento entre 2000 e 2009.

Em Uganda, aos 20 anos, a expectativa de vida "é de 19 anos para os homens e de 30,6 anos para as mulheres e, aos 35 anos, de 22 anos para os homens e de 32,5 para as mulheres", segundo o estudo.

Os homens, em geral, têm acesso aos cuidados mais tardiamente, quando a doença está mais avançada. O estudo destacou uma forte associação entre o número de células CD4 (as da imunidade) e a mortalidade. Assim, aqueles que começavam o tratamento mais cedo, apresentando uma contagem de CD4 mais elevada, viviam mais tempo.

Um dos autores do estudo, Jean Nachega, professor de medicina e diretor de um centro especializado em doenças infecciosas da Universidade do Cabo, considerou que esses benefícios sustentam de forma contínua a distribuição de tratamentos de antirretrovirais combinados. Mais de 200 mil ugandeses recebem esses tratamentos, mas outros 200 mil estão à espera.

A pesquisa, destacam os cientistas, vai no sentido da estratégia do "tratamento como prevenção", que pressupõe uma ação precoce, a fim de evitar a progressão da doença e a transmissão.

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