Agência France-Presse
postado em 15/08/2011 14:50
A cafeína possui muitas virtudes contra os cânceres de pele, confirma um estudo realizado com cobaias e publicado nesta segunda-feira (15/8), que explica o mecanismo protetor em nível molecular. Os cientistas, entre eles o Dr. Masaoki Kawasumi da Faculdade de Medicina da Universidade do Estado de Washington, em Seattle (noroeste), o principal autor da pesquisa, modificaram ratos geneticamente para reduzir em sua pele a função da proteína ATR (Telangiectasie d;ataxie, Rad3).A ATR desempenha um papel significativo na multiplicação das células da pele danificadas por raios ultravioleta do sol. Estudos precedentes já haviam demonstrado que a cafeína inibia a ATR que, estando neutralizada, acarretaria, então, a destruição dessas mesmas células.
Entre os ratos geneticamente modificados expostos a raios ultravioletos, com a ação da proteína ATR fortemente reduzida, os tumores de pele se desenvolveram três semanas mais tarde que entre os outros roedores do grupo que serviu de cobaia.
Após 19 semanas de exposição aos raios ultravioletas, os ratos geneticamente modificados tinham 69% menos tumores de pele, e quatro vezes menos cânceres agressivos que os demais, precisam os autores dos trabalhos publicados on-line nos Anais da Academia Nacional americana de Ciências (PNAS). A persistência da irradiação acabou por danificar as células da pele dos ratos geneticamente modificados após 34 semanas.
Os resultados indicam que os efeitos protetores da cafeína contra os raios ultravioletas, já documentados em estudos precedentes, explicam-se provavelmente pela neutralização da proteína ATR durante o estágio pré-canceroso, antes que o tumor da pele se desenvolva totalmente, destacam os cientistas. Segundo eles, aplicações de cafeína na pele poderiam contribuir para impedir o aparecimento de cânceres. Além disso, a cafeína absorve os raios ultravioletas, agindo como um protetor solar.
O câncer de pele é o mais frequente nos Estados Unidos, com mais de um milhão de novos casos diagnosticados anualmente, segundo o Instituto Nacional do Câncer. A maior parte não é constituída de melanomas - a forma mais grave - sendo com muita frequência curável, se o diagnóstico for realizado mais cedo.